Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

coisas diferentes.


– E quanto a drogas? Há alguma droga que consiga transformar uma pessoa
normal em alguém tão agressivo que sinta a necessidade de matar?


Aune sacudiu a cabeça.
– As drogas apenas aumentam ou enfraquecem tendências latentes. Um
bêbedo que mata a mulher também tem a tendência para a espancar quando
está sóbrio. Homicídios voluntários como este são quase sempre cometidos
por pessoas com uma predisposição particular.


– Então, o que estás a querer dizer é que este tipo está doido?
– Ou pré-programado.
– Pré-programado?
Aune assentiu.
– Lembras-te do assaltante que nunca foi apanhado, Raskol Baxhet?
Harry sacudiu a cabeça.
– Cigano – disse Aune. – Durante alguns anos correram rumores a respeito
dessa figura misteriosa. Presumia-se que era ele o cérebro por trás de todos os
principais assaltos às carrinhas de segurança e instituições financeiras de
Oslo, nos anos oitenta. Foram necessários alguns anos para a polícia aceitar
que ele realmente existia e mesmo nessa altura, nunca conseguiram encontrar
qualquer prova contra ele.


– Estou-me a lembrar vagamente – disse Harry. – Mas pensei que tivesse
sido apanhado.


– É falso. O mais próximo que conseguiram chegar foi ao apanharem dois
ladrões que garantiram que iriam obter provas contra Raskol, mas acabaram
por desaparecer em circunstâncias misteriosas.


– Não é invulgar – disse Harry, a tirar um maço de Camel.
– É invulgar quando estão presos.
Harry assobiou baixinho.
– Mas ainda acho que ele acabou na prisão.
– Isso é verdade – disse Aune. – Mas não foi preso. Raskol entregou-se.
Um dia apareceu na recepção do Quartel-general da Polícia, a dizer que
queria confessar uma fiada de antigos assaltos a bancos. Como é natural,
aquilo criou uma tremenda agitação. Ninguém compreendia nada, e Raskol

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