equipa de investigação. A ideia tem origem no FBI e o objectivo é evitar
entrar-se na rotina, tendo apenas um ponto de vista do caso, o que é frequente
acontecer com grupos de muitos agentes quando, consciente ou
inconscientemente, se forma um consenso acerca das principais características
de uma investigação. O pequeno grupo pode contribuir com uma perspectiva
nova e mais fresca porque trabalha separadamente e não é influenciado pelo
outro grupo. Este método já demonstrou ser eficaz em casos traiçoeiros.
Tenho a certeza de que a maior parte daqueles que se encontram aqui hoje
concordará que Harry Hole tem as qualificações naturais para ser membro de
um tal grupo.
Gargalhadas dispersas. Ivarsson parou atrás da cadeira de Beate.
– Beate, vais-te juntar a Harry.
Beate corou. Ivarsson pousou-lhe uma mão paternal no ombro.
– Se não funcionar, só tens de o dizer.
– Eu direi – replicou Harry.
Harry estava prestes a destrancar a porta do prédio onde vivia quando
mudou de ideias e recuou os dez metros até à mercearia, onde Ali estava a
carregar grades de fruta e legumes do passeio.
– Olá, Harry! Estás melhor? – Ali exibiu um sorriso aberto e Harry fechou
os olhos por um segundo. Era aquilo que temia.
– Ajudaste-me, Ali?
– Só a subires as escadas. Quando abrimos a tua porta, tu disseste que te
arranjavas.
– Como é que cheguei a casa? A pé ou...?
– De táxi. Deves-me cento e vinte.
Harry resmungou e seguiu Ali até ao interior da loja.
– Desculpa, Ali. A sério. Podes dar-me uma versão resumida sem
demasiados pormenores embaraçosos?
– Tu e o condutor estavam a discutir na rua. E os nossos quartos ficam
virados para esse lado. – De seguida, acrescentou com um sorriso vitorioso: –
É terrível ter ali uma janela.
– E quando é que isso aconteceu?
– A meio da noite.