Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

– Eu sei. Acrescento uma hora à minha próxima factura.
Halvorsen acabara de revistar o quarto.
– Ela não tinha muita coisa – disse. – É um pouco como revistar um quarto
de hotel. Apenas roupa, artigos de higiene, um ferro de engomar, toalhas,
roupa de cama e por aí fora. Nenhuma fotografia de família, nem cartas ou
documentos pessoais.


Uma hora depois, Harry percebeu exactamente aquilo que Halvorsen
quisera dizer. Tinham revistado todo o apartamento e regressado ao quarto,
sem terem encontrado nada, nem sequer um recibo do telefone ou um extracto
de conta.


– É a coisa mais estranha que já vi – disse Halvorsen, sentando-se à
secretária em frente de Harry. – Ela deve ter limpado a casa. Talvez tivesse
querido levar tudo com ela, toda a sua pessoa, quando partiu se é que
percebes o que quero dizer.


– Percebo. Viste algum sinal de um portátil?
– Um portátil?
– Um computador portátil.
– Estás a falar de quê?
– Não consegues ver aqui o quadrado desvanecido na madeira? – Harry
apontou para a secretária entre eles. – Parece que havia aqui um portátil e que
foi retirado.


– Parece?
Harry sentiu os olhos perscrutadores de Halvorsen.
Na rua, ficaram a olhar para as janelas do apartamento da mulher na
fachada amarelo-clara, enquanto Harry acendia um cigarro abandonado e
amassado que encontrara no bolso interior do casaco.


– Aquela coisa da família foi estranha, não foi?
– O quê?
– Møller não te contou? Não conseguiram encontrar as moradas dos pais,
irmãos, irmãs ou quem quer que fosse, apenas um tio na prisão. Teve de ser o
próprio Møller a ligar para a agência funerária para que levassem a pobre
mulher. Como se morrer não fosse suficientemente solitário.


–   Hm. Que agência?
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