44 • Público • Segunda-feira, 14 de Outubro de 2019
DESPORTO
Mais de um minuto, mais precisamen-
te 81 segundos, foi quanto Brigid Kos-
gei retirou ao anterior recorde do
mundo feminino na maratona. Em
Chicago, a queniana bateu a concor-
rência, sem apelo nem agravo, em
2h14m04s, e pulverizou a marca que
a britânica Paula Radclièe tinha esta-
belecido em 2003, em Londres.
O vento abrandou ontem de
manhã, as temperaturas baixas man-
tiveram-se e as condições eram mais
do que adequadas para um ataque ao
recorde. Kosgei desde cedo imprimiu
um andamento elevado e atingiu os
oito quilómetros em ritmo de recorde
mundial (25m10s), levantando algu-
mas dúvidas sobre a capacidade para
manter esses índices ao longo de toda
a prova.
É verdade que a queniana, nascida
há 25 anos, baixou ligeiramente o
ritmo, mas não o suÆciente para se
distanciar do objectivo e, à meia-ma-
ratona, passava em 1h06m59s, mais
de um minuto mais rápida do que
Radclièe, há 16 anos.
Para quem tinha como melhor
marca pessoal 2h18m20s, alcançados
já neste ano na capital de Inglaterra,
o cenário era altamente promissor. E
a aÆrmação plena de Kosgei conti-
nuou (ainda que caindo ligeiramente
Brigid Kosgei retira
mais de um minuto
ao recorde mundial
da maratona
Atletismo
A Mercedes conquistou ontem o
sexto título Mundial consecutivo de
construtores graças à vitória do Æn-
landês Valtteri Bottas e ao terceiro
lugar obtido pelo britânico Lewis
Hamilton no Grande Prémio (GP) do
Japão de Fórmula 1.
Bottas venceu pela terceira vez este
ano, com o tempo de 1h21m46,755s,
com 13,343 segundos de vantagem
sobre o alemão Sebastian Vettel (Fer-
rari), que partia da pole position.
Hamilton fechou os lugares do pódio
na terceira posição, a 13,858 segundos
do companheiro de equipa.
Depois de a qualiÆcação ter sido
adiada devido ao tufão Hagibis , rea-
lizando-se poucas horas antes da
corrida, a Ferrari garantiu os dois
primeiros lugares da grelha, rele-
gando os dois Mercedes para a
segunda linha. Mas o piloto Ænlan-
dês, que não vencia desde o GP do
Azerbaijão, disputado em Abril, sal-
tou para o comando logo no arran-
que, depois de Vettel ter protagoni-
zado uma falsa partida, que passou
incólume, ultrapassando ainda o
monegasco Charles Leclerc.
O mais jovem dos pilotos da Fer-
rari envolveu-se num toque com o
holandês Max Verstappen (Red Bull)
na segunda curva, que resultou em
danos na asa dianteira do seu mono-
lugar e num pião do Red Bull. Leclerc
manteve-se ainda duas voltas em
pista, largando detritos pelo asfalto,
enquanto Verstappen teve de reco-
lher deÆnitivamente às boxes.
Esse incidente viria a ser determi-
nante para o desfecho da corrida,
pois o tempo perdido por Leclerc
impediu-o de ir além do sexto posto
Ænal, já a uma volta de Bottas. O
monegasco cairia, posteriormente,
mais uma posição na sequência da
penalização de 15 segundos que lhe
foi imposta pelo colégio de comis-
sários: cinco pelo choque com Vers-
tappen logo na primeira volta, dez
por ter continuado a pilotar sem
estarem reunidas todas as condi-
ções de segurança.
O Ænlandês respondeu à estraté-
Mercedes sagra-se
hexacampeã com
duplo pódio no Japão
nas últimas duas voltas. No entanto,
somou um ponto extra por ter rea-
lizado a volta mais rápida da corri-
da, o que viria a ser decisivo nas
contas do título de construtores.
Valtteri Bottas conquistou, assim,
a sexta vitória da carreira, terceira
da temporada, tornando-se o pri-
meiro piloto a ganhar em Suzuka
depois de partir da segunda linha
da grelha. “Consegui controlar a
corrida. Foi divertido. O ritmo era
bom”, resumiu o Ænlandês. “Sabia
que poderia ter de realizar uma ou
duas paragens, mas correu tudo
bem e estou orgulhoso por fazer
parte da equipa da Mercedes. Con-
quistar o sexto título consecutivo é
impressionante”, acrescentou.
Sebastian Vettel, por outro lado,
assumiu que cometeu “um erro” na
partida e que nunca teve andamento
para acompanhar os Mercedes. “O
Bottas voava. Com a falta de ritmo
de hoje [ontem], o segundo lugar foi
o melhor possível”, garantiu.
O tailandês Alexander Albon (Red
Bull) conseguiu o melhor resultado
da carreira ao terminar na quarta
posição, a 59,537 segundos do ven-
cedor, com o espanhol Carlos Sainz
Jr. (McLaren) na quinta posição, a
1m09,10s de Bottas.
Com estes resultados, a Mercedes
chegou aos 612 pontos no Mundial
de construtores e festejou, desde já,
o troféu, quando ainda faltam quatro
corridas para o Ænal da temporada.
A escuderia alemã igualou, desta
forma, o feito conseguido pela Fer-
rari entre 1999 e 2004, na vigência
do alemão Michael Schumacher.
Fórmula 1
Valtteri Bottas conseguiu
anular os efeitos da pole
position da Ferrari e
ganhou o terceiro Grande
Prémio nesta temporada
DIEGO AZUBEL/EPA
Valtteri Bottas: “Consegui controlar a corrida”
GP do Japão
Próxima corrida:
GP do México, 27 de Outubro
Mundial de pilotos
1.º
2.º
3.º
Mundial de construtores
1.º
2.º
3.º
Lewis Hamilton
Valtteri Bottas
Charles Leclerc
338 pts
274
221
1h21m46,755s
13,343s
13,858s
59,537s
1m09,101s
1 volta
1 volta
1 volta
1 volta
1 volta
1 volta
1 volta
1 volta
1 volta
1 volta
1 volta
1 volta
Mercedes
Ferrari
Red Bull/Honda
612 pts
433
323
1.º
2.º
3.º
4.º
5.º
6.º
- º
8.º
9.º
10.º
11.º
12.º
13.º
14.º
15.º
16.º
17.º
V. Bottas (Mercedes)
Sebastian Vettel (Ferrari)
L. Hamilton (Mercedes)
A. Albon (Red Bull)
C. Sainz Jr. (McLaren)
D. Ricciardo (Renault)
Charles Leclerc (Ferrari)
Pierre Gasly (Toro Rosso)
S. Perez (Racing Point)
N. Hulkenberg (Renault)
L. Stroll (Racing Point)
Daniil Kvyat (Toro Rosso)
Lando Norris (McLaren)
K. Raikkonen (Alfa Romeo)
Romain Grosjean (Haas)
A. Giovinazzi (Alfa Romeo)
Kevin Magnussen (Haas)
CLASSIFICAÇÕES
gia de duas paragens que a Ferrari
adoptou para Vettel com uma solu-
ção semelhante, que deixou Hamil-
ton desagradado. O britânico aca-
baria por ir duas vezes às boxes ,
mais tarde do que os rivais, mas já
não conseguiria ultrapassar Vettel
no assalto Ænal, que empreendeu
entre os 25 e os 30km) até cortar a
meta e justiÆcar o abraço da própria
Radclièe, que a aguardava no Ænal do
percurso.
“Eu sabia que este momento che-
garia. Quando vi quão depressa a
Brigid estava a fazer a primeira meta-
de da prova, soube que o recorde ia
cair”, resumiu a britânica. “É um dia
muito especial para ela, mas também
para mim”, acrescentou, enquanto a
vencedora resumiu a façanha em
meia-dúzia de palavra. “À medida que
ia forçando o andamento, sentia o
meu corpo a acompanhar, a acompa-
nhar e por isso continuei sempre a
tentar”, declarou Kosgei.
A queniana descolou de tal forma
da concorrência mais directa, que a
segunda classiÆcada, a etíope Ababel
Yeshaneh, Æcou a mais de seis minu-
tos de distância (2h20m51s), enquan-
to a também etíope Gelete Burka
completou o pódio, com a marca de
2h20m55s.
Na corrida masculina, a bandeira a
subir mais alto foi também a do Qué-
nia, graças à performance de Lawren-
ce Cherono, que terminou a prova em
2h05m45s — ele, que já tinha vencido
também a maratona de Boston. Ao
contrário da vertente feminina,
porém, este triunfo precisou de um
sprint Ænal, já que o etíope Dejene
Debela cortou a meta um segundo
depois e o terceiro classiÆcado, o
compatriota Asefa Mengstu, concluiu
o percurso em 2h05m48s.
O britânico Mo Farah, vencedor da
edição de 2018 da maratona de Chica-
go, não foi além do oitavo lugar
(2h09m58s), ao passo que o norte-
-americano Galen Rupp abandonou.
Fundista queniana arrasou,
em Chicago, a marca que
Paula Radcliffe
estabelecera em Londres e
que durava há 16 anos
Kosgei completou a prova em 2h14m04s
MIKE SEGAR/REUTERS