— No físico e no porte, considero ótimo. Resta agora apurar a idade, a
inteligência e a vivacidade de espírito. São pontos essenciais para o Senhor
da Vida.^16
— É isso mesmo — aparteou o kafir ruivaço, com desenvoltura,
esboçando um sorriso maldoso. — Faltam, ao candidato, os pontos
essenciais.
— Acredito que tudo estará certo — anuiu Nurenahar, soerguendo o
busto e acariciando-me, lentamente, no rosto, com sua mão perfumada. E
interrogou-me: — Qual é a tua idade, querido?
Com um desembaraço que a mim mesmo me surpreendia, respondi
com extraordinária presteza:
— Terá alguém motivo para ocultar a verdade, quando essa verdade não
fere, não ofende, não prejudica e não perturba? Este ano, na lua de Redjeb,^17
completei o meu décimo sétimo aniversário!
Riu gostosamente a deliciosa Nurenahar ao ouvir aquela confissão e,
voltando-se para os dois estrangeiros, comentou:
— Pelos templos de Bangcoc!^18 Estão vendo? É um menor! Uma
verdadeira criança! Um perfeito haach^19 para os encantos e fantasias do amor!
Se da sua idade fosse descontado um ano, eu teria o dobro da sua idade
menos a metade da sua idade!
— O dobro menos a metade! — repetiu sorridente o homem do braço
entalado. E advertiu, com certa malícia: — Cuidado, Lala , cuidado! Esse
jovem, ser for hábil na matemática, poderá calcular a tua idade! Ouvi bem: o
dobro menos a metade de dezessete menos um!
— E lá se vai o grande segredo — aduziu o antipático ruivaço, em tom de
gracejo!
Calou-se Nurenahar. Seus olhos castanhos, num inexpressível enlevo,
fixaram-se em mim:
— Dize-me, querido, qual é a minha idade? — E pôs, em suas palavras,
certo acento de brejeirice, uma entonação vaidosa. — Se tens talento para o
cálculo dos números e da álgebra, resolve o meu problema! Repito, para