CAPÍTULO II
Nang Nurenahar conta ao jovem Adibo o romance agitado de seu
passado — A vida em Bangcoc, capital do reino do Sião — O combate
entre as formigas — Epidemia em Bangcoc — O luto e a desesperação
— O príncipe laotiano e seu capricho — Nurenahar parte para Bagdá
— Setenta e três vezes: não! — A vida entre os árabes — A tia Rafif,
esposa do justo cádi — O justo cádi e o assalto no corredor escuro —
Rafif quer ser “esposa única” até morrer — É chamada uma khatbeh
— Como casar um “broto” infiel? — A jovem Nurenahar aprende o
significado de uma palavra árabe — Tia Rafif e os tesouros do céu.
Gibran Chiab era o nome de meu pai. Iraquiano dos velhos tempos,
aventureiro e destemido. Muito moço ainda, impelido por insofrida paixão
pela caça, alistou-se numa caravana de aventureiros e mercadores persas que
iam em busca de especiarias pelo interior da Índia. Oito anos permaneceu
meu pai no misterioso país dos rajás.^1 Seria longo recordar aqui as
espantosas aventuras e tropelias em que se viu envolvido. Caçou tigres na
Indochina; domesticou elefantes na Birmânia; chefiou pequenos grupos de
compradores de arroz no Camboja;^2 combateu o banditismo no interior da
China. Quis o destino que meu pai fosse, certa vez, à cidade de Bangcoc,^3 a
pérola encantada do reino do Sião. Interessou-se pela vida de Bangcoc,