fundo meio dedo de um pó escuro com reflexos prateados. A seguir (dentro
do complicado ritual da mágica) fez cair, lentamente, sobre o tal pó prateado,
sete gotas de um líquido avermelhado mais denso do que o mel. Este líquido
provinha de pequeno frasco que ele trazia preso à cintura por uma corrente
de ouro.
Logo que as gotas caíram no pó, levantou-se grossa coluna de fumaça
azulada que ia do chão até as vigas mais altas do khan.
— É agora! Tabacala queruza ! É agora! — gritou o mágico, aflito, acenando
para o camponês. — Atirai o vosso gato na fumaça dos Sete Princípios!
Deslumbrado com as maravilhas que ocorriam diante de seus olhos, o
apicultor tomou o gato nas mãos e atirou-o, de golpe, no meio da coluna
retorcida feita pela fumaça que se desprendia da vasilha.
Ouviu-se, no mesmo instante, um grande estrondo. Uma pedra ao
desabar do alto de uma montanha não causaria abalo tão grande. A fumaça
agitada tornou-se amarelada e desvaneceu-se no ar. Viram todos aparecer, ao
lado do mágico, de pé, um jovem ricamente trajado. Sua roupa era toda de
seda clara, bordada com fios de ouro. Trazia um gorro de pele com plumas
vermelhas e, a tiracolo, pesava-lhe uma bolsa que parecia transbordar de
moedas de ouro.
— Aqui está — proclamou com ênfase o mágico. — Aqui está Sua
Alteza, o príncipe Lapa-Uck!
Havia uma particularidade impressionante: os olhos do novo príncipe
eram azuis, e seus cabelos louros, de um louro estranho, acinzentado.
— Meu filho! Meu filho querido! — suplicou emocionada a camponesa,
estendendo os braços para o jovem.
— Meu filho! — implorou o apicultor, com os olhos marejados de
lágrimas.
Mas o príncipe não deu a menor importância aos apelos aflitivos de seus
dedicados protetores. Com um gesto brusco, de impaciência e selvageria,
afastou a camponesa para um lado, empurrou com arrogância de louco o
velho Dan para outro e, sem olhar para o mágico, deixou o khan , dirigindo-
se para a praça, batida, naquela hora, pelo sol da tarde. Caminhava