“Que poderei fazer com essas quatro anás? Preciso é de uma rupia!”
Estava o nosso herói meditando sobre o caso, decidido a arranjar novo
trabalho, quando avistou um oleiro gordo, de cara risonha, que girava uma
roda para amassar barro. Chana ofereceu-se na mesma hora para o trabalho,
e o oleiro aceitou.
— Vira a roda, meu amigo! — disse, alegre, o oleiro. — Preciso preparar,
dentro de três dias, dois milheiros de tijolos!
Trabalhou Chana algum tempo, mas antes da hora da meia-sombra^20 o
oleiro de cara redonda resolveu parar a tal roda e pagou, pelo serviço feito,
quatro anás.
“Quatro mais quatro oito! Oito anás!”, pensou Chana. “Já ganhei oito
anás! Meia rupia! Preciso, porém, ganhar uma rupia inteira. Uma rupia com
o meu trabalho!”
Segue a Lei da virtude; não sigas a do pecado. Os Virtuosos
descansam na bem-aventurança neste mundo e no outro.
(“Dhammapada”, cap. XIII)
Deixando o serviço do oleiro, resolveu Chana caminhar pela estrada em
busca de novas tarefas; em dado momento, avistou um homem de tez ruiva,
mal-ajambrado, que vinha ao seu encontro trazendo no ombro um molho
de ervas.
O homem da tez ruiva o reconheceu:
— Não és, por acaso, Chana, o filho do velho e honrado Krivá?
— Sim — confessou o jovem. — Sou o filho do honrado Krivá.
— Queres ficar com estas ervas aromáticas? São de Punjab. No mercado
podem dar bom preço. Vendo-as todas por meia rupia. Serve-te o negócio?
Preciso voltar para casa, pois tenho um filho doente e minha esposa foi
ontem a Karachi visitar os parentes.
— Aceito — respondeu Chana. — Compro-te as ervas por meia rupia.
E entregou ao homem os oito anás que havia recebido do oleiro e do
plantador de juta.