passava de uma questãozinha aritmética corriqueira e quase infantil. Ora,
aquele que, mesmo diante da corte, resolve uma banalidade, não merece
recompensa alguma e não faz jus à nossa admiração. Eis, pois, a minha
sentença: o calculista Beremis Samir deve receber, em público, severa
advertência de nosso califa pela obra demolidora que está realizando contra o
secular prestígio da álgebra, dada a sua preocupação dissolvente de
simplificar, ou melhor, de aniquilar a matemática, eliminando o que há de
incompreensível, ababelado e obtuso nos cálculos, nos problemas e nas
fórmulas.
Inútil será acrescentar que Al-Mutasim, o sucessor do Profeta, com
grande surpresa de seus ministros e cortesãos, não concordou com a
brilhante sentença do ulemá algebrista. Determinou que fosse entregue ao
talentoso Beremis Samir o prêmio de mil dinares, e no mesmo dia assinou
um decreto nomeando o jovem para exercer as funções de calculista efetivo
do califado, em substituição ao preclaro Anauate, que foi aposentado com
todos os vencimentos, prêmios e gratificações.
E aqui termina, meu bom e paciente amigo, aqui termina essa lenda
muito antiga que eu li, já não me lembro onde.
Uassalã!