Maeve Haran - A Dama do Retrato PT (2013)

(Carla ScalaEjcveS) #1

meu primo, o duque de Richmond!
Frances lançou um olhar zangado e acusador a Mall.



  • Quer aceite a minha corte, quer não, acatará a ordem de não tornar a ver o meu primo
    Charles Stuart. Ele não a merece e nunca merecerá.
    Frances virou o rosto.

  • É tudo o que requer de mim, Majestade?

  • Sabe que não! – Agarrou-lhe o pulso até a magoar. – Desejo o seu amor. Desejo que os seus
    olhos se iluminem com ternura ao ver-me entrar num quarto. Que corra para mim e me abrace
    com tanta força que nem uma folha de ouro possa ser colocada entre nós.
    Frances voltou-se. A definição de amor do rei tocou-a – ela própria poderia tê-la composto.
    Pena era não poder senti-lo por ele.

  • Deixei a rainha a jogar às cartas, Majestade, e prometi-lhe que regressaria para terminar o
    jogo.

  • Malditas sejam as cartas! Vá, então – disse-lhe numa voz triste e pesada como algo
    deteriorado e morto.
    Frances afastou-se lenta e orgulhosamente dos aposentos. Tivera vontade de o confortar, mas
    sabia que isso apenas teria confundido mais a situação.
    Depois de sair dos aposentos do rei, passou pelo surpreendido casal Chiffinch, marido e
    mulher boquiabertos, assemelhando-se aos pequenos pássaros que o apelido deles trazia à


ideia^12.
Contudo, não foi em busca da rainha, para continuar um jogo de cartas, como prometera.
Apesar da proibição do rei, em vez disso correu para os aposentos junto ao relvado de boliche,
que pertenciam ao duque de Richmond. Tendo o cuidado de verificar que nenhum dos amigos do
rei se encontrava por ali, passou pelo laranjal e bateu à porta. A jovem criada que surgiu disse-
lhe que o duque se encontrava no quarto, a ler. Era da idade de Frances, com olhos vivos e faces
rosadas como maçãs.



  • Não deveria dizer-lhe isto, mas é a única pessoa que se aproxima dele. Espero que consiga
    animá-lo, senhora. Primeiro a esposa e depois, num abrir e fechar de olhos, a filha. Ele era
    dedicado à filha. Nunca tinha visto um homem que gostasse tanto de uma criança. Eu disse à
    cozinheira de Cobham uma dúzia de vezes: «Se alguma vez me casar, espero que o meu marido
    ame o nosso filho como o duque ama a sua filhinha.» E pensar que foram as duas ao encontro do
    Criador... – A rapariga abanou a cabeça com tristeza. – Tentámos que a irmã dele viesse e o
    animasse, mas ela tem os seus problemas, ao que parece. E o diabo tem andado a levá-lo a
    encontrar consolo onde não devia, se me faço entender.
    O duque estava sentado numa cadeira de carvalho com um espaldar alto; tinha um volume de
    poesia na mão e um copo de brandy ao lado.
    Olhou para Frances como se esta pudesse ser produto da sua imaginação.
    Frances e a criada entreolharam-se.

  • Mistress Stuart! – Ele levantou-se desajeitadamente, deixando cair o livro de poesia, que
    ela viu tratar-se de um exemplar encadernado a couro de sonetos de Shakespeare. – Não

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