senhorial no meio.
Contudo, não foi a grandiosidade imponente da casa, ou a floresta de chaminés isabelinas,
nem sequer a beleza da pedra trabalhada que adornava cada entrada o que fez com que o
coração de Frances se imobilizasse, atónito.
Cobhall Hall, até ao mais ínfimo pormenor, era tal e qual a casa que ela desenhara no seu
caderno, vezes sem conta, em esboços e pinturas. Não sabia que tal casa existia e, contudo, ali
estava ela, diante de si.
Se precisava de um sinal para confirmar que ela tinha razão para se encontrar ali ir naquele
dia, aí estava ele.
Tendo sido percebida a sua aproximação, a grande porta da frente já estava a abrir-se e a
jovem criada que ela conhecera em Londres, desta feita vestida formalmente de preto com um
avental branco, aguardava-a.
Apelando a toda a sua dignidade, Frances saiu da carruagem.
- Boa tarde, minha senhora – cumprimentou-a a rapariga, com uma pequena reverência.
- Boa tarde para si também. O seu amo está? Se for sim, poderá informá-lo de que Mistress
Frances Stuart deseja falar com ele?
A criada retorcia as mãos, parecendo perturbada. - Ele não está, senhora. – Depois, ao ver a expressão desalentada de Frances, acrescentou: –
É possível que volte mais tarde. Foi encontrar-se com o transportador, para se assegurar de que
a mobília da esposa chegou intacta de Boarstall.
Por um instante, o coração de Frances falhou. - A nova esposa. Ele já casou, então? – perguntou, sentindo um sobressalto no estômago
como se tivesse sido pontapeada com força. - Sim, minha senhora. Casaram há dois dias. Era para ter sido antes, mas é proibido casar
durante a Quaresma e a senhora tinha de resolver alguns problemas com as propriedades do
falecido esposo, que pareciam tão emaranhados como a lã da minha mãe quando o gato
conseguia deitar-lhe as unhas. – A rapariga reparou que Frances empalidecera e se encostara ao
lintel para se apoiar, como se as pernas lhe tremessem ou estivesse a ponto de cair. – Aqui entre
nós, senhora, isto é tudo obra do tio dele. Ouvi-os trocar cá umas palavras há três dias! Parecia
uma luta para entrar nos portões do céu... ou do inferno.
Ela tinha uma expressão ansiosa. Era da idade de Frances e, no último encontro, pressentira
um laivo de romance e emoção na visita dela, algo que a cativara muito. Agora ainda estava
mais certa disso. - Desculpe, minha senhora, podemos oferecer-lhe pelo menos uma chávena de chá? Sua
Senhoria encomenda-o de Londres.
Frances abanou a cabeça, as palmas das mãos suadas, ansiosa por desaparecer dali, e
apercebendo-se do gesto estúpido que fora mandar embora a carruagem. - Sabe onde posso arranjar um cavalo ou uma carruagem que me leve a Gravesend o mais
depressa possível? – perguntou. - Não é preciso ir longe. Vejamos se há algum nos estábulos que possa usar. Depois o