palácio. O Conselho já se reunira para discutir a crise. Quando desceu para tomar o desjejum,
reparou que Mall e o irmão, o duque de Buckingham, estavam muito compenetrados a conversar.
- Claro que se ela estivesse no trono – confidenciava Mall num tom baixo mas entusiasmado
- poderia persuadir o rei a perdoar o meu Tom.
- Esquece lá o teu amado – replicou o irmão, numa voz quase inaudível. – Se ela fosse
rainha, teríamos mais questões a tratar do que a do Tom Howard.
Ao verem que Frances se aproximava, apartaram-se com expressões de culpa. - Há notícias recentes acerca de Sua Majestade? – perguntou ela.
Mall abanou a cabeça e começou a servir uma taça de cerveja, que passou a Frances. - O pão está bom, acaba de vir da padaria, e tenho uma mensagem da sua mãe. Virá visitá-la
esta manhã. Talvez saiba mais, dada a sua proximidade com a rainha-mãe.
Frances comeu o pão, pensativa. Raras vezes a mãe a visitava em Whitehall. A irmã Sophia
fazia-o com regularidade mas, sempre que ela desejava ver a mãe, tinha de a visitar em
Somerset House. Deveria ser um assunto muito importante o que a traria ali.
Eram duas da tarde e o almoço tinha acabado sem que a sua mãe aparecesse e, quando isso
aconteceu, Frances mal conseguia acreditar no que os seus olhos viam. A mãe não vinha
sozinha. Acompanhava uma senhora muito mais velha, vestida de negro com um véu a cobrir-lhe
a metade de cima do rosto – o que lembrou a Frances um antigo corvo –, e a própria rainha-
mãe!
Olhares curiosos seguiram-nas enquanto Henriqueta Maria ordenava a todas que fossem para
os aposentos de Frances.
Um vez lá, a mãe começou por cerrar as cortinas, para proteger o quarto tanto da luz do dia
como de olhares indiscretos. - Frances, esta a é duquesa de Grise, uma parente venerável da rainha-mãe. Ela deseja
assegurar-se de que te encontras de excelente saúde. - Eu? – perguntou Frances, sobressaltada. – Eu estou esplêndida. É a rainha quem está
achacada. - Realmente. – Henriqueta Maria tinha um ar muito grave. – Mistress Stuart, nesta tarde as
criadas dela pediram que lhe fosse dada a extrema-unção. - Oh, pobre senhora. Não tem tido uma vida fácil.
- Não. E todos rezamos por ela. Poderá deitar-se na cama?
Frances virou-se para a mãe. - O que se passa? Receiam que possa ter sido contagiada?
- Dá ouvidos às mais velhas e nobres do que tu, filha – disse Sophia Stuart em tom severo.
Frances deitou-se, ainda que relutantemente. Havia uma expressão de rebeldia distinta nos
seus olhos enquanto obedecia. - Ora, minha jovem. – O velho corvo levantou-lhe o vestido. Frances tentou protestar, mas a
mãe segurou-a com um uma força surpreendente. – Não lhe tomarei muito tempo. Trata-se de um
procedimento simples, comum entre as potenciais noivas de reis.
Frances mal a ouvia, tão assarapantada estava por a velha lhe ter afastado as coxas e