ultrapassado a roupa interior com a perícia de um amante experiente, inserindo então dois dedos
nas suas partes mais privadas.
- Como se atreve, sua ave nojenta!
Frances esperneou tanto que a velha cambaleou para trás. - Catraia ingrata – replicou a duquesa.
- Frances, para! Isto é importante. Concedeste a Sua Majestade o derradeiro favor? Sê
sincera, pois a tua resposta terá muito peso. - Não! – Frances tentou sentar-se, recompondo as roupas. – Nem quaisquer outros favores.
Henriqueta Maria virou-se para o corvo. - Ela diz a verdade?
- Sim. Oui. Ainda que, a avaliar pela sua conduta, eu dissesse o contrário. Jovem arisca!
Então, Henriqueta Maria desfez-se em sorrisos. - É uma excelente notícia.
- Mas porque haveria de importar a alguém para além de mim se lhe concedi ou não tal
favor? – quis saber Frances. - Criança tola. – A mãe tentava acariciar-lhe os canudos louros que se tinham soltado do
penteado enquanto ela esperneava. – Se vieres a ter a oportunidade de ser rainha, a tua
inocência será da maior importância. Mereces ser congratulada por a teres protegido. - É verdade – comentou Henriqueta Maria num tom ácido –, não fica muito aquém de um
milagre, conhecendo o meu filho e a moral da sua corte. – Virou-se para a dama idosa. – E não
encontrou motivos para considerar que não possa ter filhos?
A duquesa de Grise abanou a cabeça. - O útero parece estar bem.
- Doravante, terás de ser ainda mais diligente na proteção da tua honra – aconselhou a mãe a
Frances, com os olhos a brilhar perante a perspetiva da glória futura.
Apesar de sentir o sangue a ferver, tão revoltada se sentia com a mãe e Henriqueta Maria, que
se comportavam como duas madames a avaliarem carne fresca, Frances manteve um tom sereno. - Poderei recordar a Vossa Majestade e à minha estimada mãe várias coisas que talvez
queiram ter em consideração?
As mulheres mais velhas fitaram-na com desconfiança, como se a mercadoria que houvessem
comprado não fosse de tão boa qualidade quanto julgavam. - A rainha ainda não morreu. – As duas mulheres encolheram os ombros em resposta àquele
obstáculo de somenos. – E, mesmo que já tivesse morrido, eu não tenho ambição alguma de me
tornar rainha de Inglaterra.
Três pares de olhos estupefactos miravam-na. A mãe foi a primeira a reagir. - E se a Inglaterra precisasse de ti e tu pudesses ser-lhe muito útil? Ainda só tens dezoito
anos. O rei venera-te e deseja-te. Poderias ter filhos saudáveis e dar um herdeiro à nação. Se
ele não tiver um herdeiro legítimo, o irmão James suceder-lhe-á, com os filhos de Anne Hyde.
Isso poderá lançar de novo a anarquia nesta terra. Que pensas tu disto?
Frances fez uma reverência, mantendo a cabeça alta, e respondeu: