antes de partir. Todas as aias e criadas, incluindo Frances e o conde, começaram a segui-lo.
O médico hesitava.
- A febre está a subir, Majestade. A rainha está a entrar em delírio.
E então Catarina sentou-se na cama. - Onde está o meu filho? – exigiu saber numa voz grandiloquente e nítida, com o delírio a
fazê-la acreditar que, por fim, tivera o herdeiro há muito esperado. – Sei que dei à luz um
menino muito feio.
Todos estacaram e ficaram muito calados, exceto o rei, que lhe respondeu com ternura. - Está aqui. E é muito bonito.
- Se for como o senhor – respondeu ela, com os olhos brilhantes fixos nos dele –, então será
um menino realmente belo e eu ficarei muito satisfeita. - Pobre senhora – sussurrou Lady Suffolk para Frances –, julga que finalmente deu à luz um
filho do rei.
Catarina acalmou-se e recostou-se e depois, também num repente, tornou a sentar-se. - Como estão as crianças? – perguntou.
- Bem, bem – tranquilizou-a o rei, numa voz cativante. – Mas precisam de uma mãe. E eu de
uma esposa. - Não, não. – Parecia que, de súbito, recuperava a lucidez. – Quando eu morrer, arranjará
uma mulher melhor do que eu. Uma que possa dar-lhe aquilo que eu não consigo. Um filho. –
Viu que ele tinha lágrimas nos cantos dos olhos. – Não chore. De bom grado abandonaria este
mundo por si.
O rei agarrou-lhe na mão. - Então fique e viva, por mim.
Todos se esgueiraram para fora do quarto, comovidos e silenciados pela devoção do rei, que
sem dúvida seria genuína, ainda que eles receassem que fosse temporária.