Capítulo 14
- Venha comigo ao parque de St. James – pediu Mall a Frances. – Não posso ir sozinha e
tenho de sair e aproveitar este sol magnífico, caso contrário definharei como uma flor sem água! - Porque não vai com Mary?
- Caí em desgraça com ela. Compara o noivado com aquele rapaz, o Richard Arran, com o
esplendor másculo do meu Tom. Disse-lhe que não se passa nada entre nós, mas ela suspeita do
contrário. - E isso surpreende-a? – troçou Frances. – Se olha para o Tom Howard como se
estivéssemos no Natal e ele fosse maçapão apetitoso?
Mall fez uma expressão amuada. - Ela não poderia ser prometida a um soldado sem um tostão, como eu, não é verdade?
- Mas será admirável a alguém como a senhora, uma das mais importantes damas da corte?
- Ah! O mais estúpido é que ninguém se importaria se eu quisesse apenas deitar-me com ele.
Poderiam rir-se de mim, mas depressa se esqueceriam; agora, se eu desejar desposá-lo, isso é
que choca este lugar imoral. – Olhou pela janela e suspirou. – Venha, Frances! Veja o dia que
nos foi dado. O céu está de um azul divinal. Poderemos molhar os pés no canal novo e comer
tartes de amora nos jardins. - Levemos o Walter, então. Duvido que já tenha experimentado o prazer de passear junto ao
canal.
Enviaram um mensageiro e quis a sorte que Walter estivesse disponível, pelo que regressou
com ele.
Frances observou o irmão, alto e delicado. Parecia mais fatigado, sem a louçania e o rosto
fresco de quando se tinham visto pela última vez. - Não andas a cansar-te demasiado, espero.
- Na verdade, não me tenho cansado muito – respondeu Walter enquanto fazia uma vénia. –
Sou um jovem exemplar.
Estava de facto um belo dia. Atravessaram o terreiro da guarda equestre e entraram no parque
junto ao canal, onde havia meninos a pescar, ouvindo o canto dos pássaros como se fosse a
primeira manhã da criação.