- Não tardaremos a descobrir, já que se encaminha para aqui.
Mall levantou a cabeça e, ao fazê-lo, esqueceu por completo a nódoa, ficando com todo o
corpo retesado. - É Lady Shrewsbury, a maior devassa com um nome nobre. Foi ela quem insultou o Tom e
provocou a desavença entre ele e o Giles Rawlins! Sem dúvida reparou no Walter e está
desejosa de fazer outra conquista, por mais jovem que seja. Olhem só, não tem mais de vinte e
um anos e já está a ficar gorda. Dizem que come doces e bombons até na cama. Que estúpidos
são os que se apaixonam por uma balofa assim. Estará nojenta antes de completar vinte e cinco
anos. – E, antes que Frances pudesse impedi-la, desafiou com maus modos: – Bons olhos a
vejam, senhora, têm morrido por si mais gentis homens, ultimamente?
Frances observou a jovem que avançava na direção deles. Havia algo no seu rosto que a
assemelhava a Lady Castlemaine, como se tivesse obtido tudo o que desejasse e isso não a
deixasse satisfeita. Tinha a mesma pele branca, os lábios cheios num beicinho perpétuo, com o
desdém a notar-se no contorno carnudo das faces. E Mall tinha razão – ela comia de facto
demasiados doces.
Sorriu para Walter, que a fitava como se tivesse o nariz encostado à montra de uma pastelaria
a contemplar uma frangipana. - Vejo que sujou o seu vestido com essa nódoa vermelha – comentou Lady Shrewsbury.
Parecia não ter ficado ofendida com o insulto de Mall. – Não poderão ter sido as suas regras, é
demasiado velha para isso... ou será que foram interrompidas por um bastardo do Tom
Howard?
Walter olhava ora para uma, ora para outra. A experiência que tinha dizia-lhe que as damas
não se comportavam daquela forma e que seguramente nunca utilizavam aquela linguagem.
Antes que Frances se apercebesse do que estava a acontecer, Mall agarrara no seu lenço e
agredira o rosto da rival com ele. - Por uma ofensa dessas, desafio-a para um duelo! A menos que seja tão cobarde que permita
que homens morram por si mas nunca se defenda a si mesma. - Mas que vã jactância é essa? – reclamou Anna Maria Shrewsbury. – Somos mulheres. Não
podemos bater-nos em duelo!
Um sorriso triunfal iluminou os olhos cor de avelã de Mall. - Engana-se a meu respeito, senhora. Fui ensinada a usar uma espada pelo melhor dos filhos
da nação, o príncipe Rupert da Renânia. Depois de amanhã: ao nascer do sol, em Barn Elms?
Mistress Stuart, aqui presente, será a minha madrinha. Será melhor que nos vistamos como
homens, para atrair menos atenções de curiosos que tentem impedir-nos. – Mall virou-se para os
companheiros. – Mistress Stuart, Walter, vamos embora?
Para surpresa de todos, a nutrida Anna Maria não se mostrou intimidada. Lançou um olhar
malevolente à adversária. - É bom que saiba, Mall Villiers, que tenho praticado a esgrima durante toda a vida.
- Excelente, será então uma contenda mais justa.
- Mall – interveio Frances, tentando fazer com que o duelo não passasse de uma piada –, não
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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