Maeve Haran - A Dama do Retrato PT (2013)

(Carla ScalaEjcveS) #1

estará a falar a sério sobre este esquema louco?



  • Nunca falei com maior seriedade. Ela pode fazer daquela rameira da Barbara sua madrinha.

  • Mas, Mall, reconsidere. O rei abomina duelos entre homens. Que punição daria ele se
    descobrisse a mesma prática entre as suas damas?

  • Sem dúvida se riria e concluiria tratar-se de um excelente desporto, mas não se apoquente.
    Apostaria uma bolsa de guinéus em como a madame não aparecerá. O seu género faz com que os
    homens morram por ela. Mulheres assim não se arriscam a ficar com uma cicatriz que as
    desfeie. Talvez, doravante, ela tenha mais cuidado com o alvo dos seus insultos.

  • Oh, Mall, Mall, é verdade o que disse acerca do príncipe Rupert?
    Frances ouvira dizer que Mall se apaixonara pelo príncipe quando eram jovens, mas que o
    casamento dela impedira que esse amor prosperasse.
    Repararam então que Walter estava calado e pálido.

  • Parece-me... – começou ele, hesitante – ... que deveria oferecer-me para combater por si.
    Mall soprou-lhe um beijo.

  • Um homem não pode bater-se com uma mulher – respondeu com delicadeza, não querendo
    mostrar que ele era demasiado jovem e inexperiente.
    Ao ver a expressão preocupada de Frances, Mall deu-lhe uma palmada nas costas, já como
    um galã fanfarrão que ansiasse pelo confronto.

  • Não se inquiete tanto. Não tenciono deixar viúvo o marido dela, quero apenas assustá-la
    para que mantenha o espartilho apertado na companhia de cavalheiros. A propósito, falava a
    sério quando me referi a vestirmo-nos com trajes masculinos. Atrairemos menos atenções. E
    outra coisa: não diga nem uma palavra ao Tom. Ele ficaria escandalizado com o meu
    comportamento de maria-rapaz.

  • E talvez preocupado com a sua segurança – acrescentou Frances.

  • Ora! Lady Shrewsbury jamais permitiria que a sua preciosa pessoa corresse riscos.
    Havia algo naquela declaração que soou a Frances como um sinal claro de aviso. Muitos
    consideravam que Lady Shrewsbury era uma mulher implacável que se servia dos outros. Dado
    que não poderia ser realmente substituída por um homem, poderia recorrer a algum truque baixo
    e perigoso. Um salteador que atacasse Mall numa ruela ou qualquer outra forma de a deixar
    incapaz de combater.
    Contudo, decerto aquela confusão em nada resultaria. O escândalo seria tão grande que
    arruinaria as duas. Não teria ocorrido a Mall que, se fosse avante, o seu Tom, capitão da guarda
    do rei, poderia sentir-se na obrigação de pôr fim à relação? Porém, Frances também conhecia
    Mall muito bem. O leopardo perderia as pintas mais depressa do que ela. Recuar não era algo
    que ela fizesse. Ciente de que mais persuasão seria inútil, Frances foi pensar para os seus
    aposentos.
    Se fosse ela Lady Shrewsbury, contrataria algum tratante para sujar as mãos por si, alguém
    que ninguém pudesse associar ao seu nome. Anna Maria, concluiu ela, faria o mesmo.
    A única forma que tinha de o descobrir seria ver quem visitava Lady Shrewsbury e talvez até
    seguir tais pessoas. Todavia, como poderia ela, uma aia da corte, fazer tal coisa? Já fora muito

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