adoro.
- Eu posso aceitar a tua escolha, com certeza. No entanto, meu querido Tom, isso não quer
dizer que a aprove.
Ele assentiu com a cabeça, com uma expressão triste. - Então a aceitação terá de bastar.
Enquanto deixavam a casa dos Howard e atravessavam St. Martin’s Fields, Mall sussurrou: - Agora tenho de esperar que a questão de amanhã não a leve mesmo a deixar de me aceitar.
- Então cancele!
- Frances, não posso.
Frances suspirou e esperou que o seu outro plano surtisse efeito.
O dia seguinte amanheceu húmido e frio, apesar de ainda ser verão. Tradicionalmente, os
duelos tinham lugar aos primeiros raios da manhã, para evitar as autoridades, e Frances acedera
a ir despertar Mall aos seus aposentos, o que fez com o coração pesado.
Encontrou-a já acordada e vestida, sentada à beira da cama da filha.
- Vai, mamã – pedia Mary, semiadormecida. – Porque estás vestida como um cavalheiro?
- É um capricho da rainha. Gosta de se passear pelo meio da populaça sem ser reconhecida.
Mary pareceu aceitar aquele estranho comportamento sem mais perguntas. - Adeus, minha Mary. Não te esqueças de que te adoro.
Mary olhou para ela com um ar curioso. - Que conversa esquisita. Até parece que vais de viagem.
O comentário tinha uma sonoridade tão profética que Frances nem quis olhar para Mall.
Enquanto entravam num bote que as levaria até Barn Elms, ambas se mantiveram caladas.
Havia poucas embarcações a subir o rio e elas não tardaram a chegar ao destino, sentindo-se
tensas e sérias. Caminharam rapidamente até ao terreno de duelos, mas ninguém as esperava lá. - Quando a madrinha dela chegar – instruiu Mall –, acordaremos em bater-nos até uma de nós
sangrar. Não será necessário ir mais longe. Isso bastará para lhe dar uma lição.
E, contudo, ninguém aparecia.
Passados quinze minutos, Mall começou a assobiar. - Não me parece que venham.
- Louvado seja Deus.
No preciso instante em que iam partir, ouviram os sons de um barco que se aproximava. O
coração de Frances abateu-se como uma pedra. Porém, não se tratava de Lady Shrewsbury, mas
de um pajem que envergava o traje de libré azul-escuro da casa dela.
O rapaz fez uma vénia. - A condessa de Shrewsbury lamenta, mas não poderá cumprir o seu compromisso hoje.
Receio bem que esteja indisposta.
Frances mordeu o lábio. - Que indisposição tem a condessa?
O rapaz mostrava-se inexpressivo.