- Não lhe sei dizer, senhora. Não passo de um pajem.
Frances agarrou numa pequena bolsa com moedas e fê-la tilintar de forma tentadora. Abanou-
a até que duas moedas caíram e, em seguida, mostrou-lhas. - Tem mesmo a certeza de que nada sabe sobre a indisposição da condessa?
O rapaz sorriu e aceitou-as. - Muito pouco, senhora. Só que aconteceu depois de ter comido uma caixa de bombons de
maçapão. A condessa passou a noite sentada na cadeira da retrete. – Piscou-lhes o olho com
atrevimento. – A cozinheira é da opinião de que alguma esposa ciumenta terá regado os doces
com jalapa.
Mall olhou por um instante para Frances, antes de atirar a cabeça para trás, perdida de riso,
com toda a ansiedade a dissipar-se como o orvalho das árvores. - Bem, Mistress Stuart, presumo que haja mais do que uma maneira de aprender uma lição,
como a condessa de Shrewsbury estará a descobrir neste momento. E isto nada teve a ver
consigo, imagino. - Que sei eu de raízes e ervas que façam um corpo evacuar com tanta violência que não possa
abandonar a retrete durante toda a noite? - O quê, realmente?
- Mall, por amor ao seu Tom, parece-me que deveríamos guardar segredo acerca disto. –
Frances mostrava-se muitíssimo séria, querendo proteger a amiga dos seus impulsos perigosos. - A verdade é que tivemos uma sorte dos demónios hoje. Se ela tivesse vindo e vocês se
tivessem batido, mesmo só até uma sangrar, o escândalo poderia ter acabado com qualquer
hipótese de a vossa união se concretizar. E, Mall, siga o meu conselho: se encontrou um homem
que ama e existe nem que seja uma possibilidade mínima de ficar com ele, não a desperdice! - Pois, tem razão. Não tenho agido com sensatez. – Mall correspondia à seriedade de
Frances. – Então ainda suspira pelo duque, um homem casado... com uma megera que lhe
inferniza a vida, segundo ouço dizer? Como é estranho o destino... Ser a mulher que o rei
deseja, quando tudo o que quer é um homem a quem a esposa nem dá valor. A Natureza tem
estranhos desígnios, não há dúvida! - Porque não conseguirei aceitar que ele é casado e passe a olhar para outros homens?
Mall envolveu-a com um braço, o que criou uma estranha visão: dois jovens a consolarem-se. - Ele não a tem ajudado a fazê-lo. Para além disso, o amor não liberta uma mulher facilmente.
Por que outro motivo estou eu aqui, num terreiro de duelos, vestida de homem, com uma espada
na mão?
Frances riu-se. - Conhecendo-a, quem sabe? Sempre foi um pouco louca!
- Regressamos a Whitehall?
A neblina começava a desaparecer na clareira onde se encontravam, revelando um dia
luminoso, que prometia ser quente. Os pássaros cantavam alegremente. Ambas sentiam quase
relutância em regressar ao fedor asfixiante de Londres, com o seu ar sujo e carregado de
fuligem, as ruas imundas cheias de pobres esfarrapados. Contudo, Londres era o centro do
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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