Maeve Haran - A Dama do Retrato PT (2013)

(Carla ScalaEjcveS) #1

súbditos que se lhe entregassem de corpo e alma, quer estes o quisessem, quer não.



  • Ele não o fará. Apostaria cem anjos em como não o fará. – Mall virou-se para Tom,
    enrolado nos lençóis ao lado dela. – O que achas tu, marido? O rei forçará realmente Frances a
    submeter-se-lhe?
    Apesar de o sol ter nascido havia muito, estavam deitados na ampla cama do quarto de Mall,
    com uma taça de fruta deliciosa ao lado, que tinham começado a comer antes de se distraírem
    com outros prazeres.

  • Ele não é um tirano noutras questões. – Tom encolheu os ombros, com os raios de sol a
    iluminarem-lhe a pele nua. – Mas, quanto a isto, quem sabe? Foi paciente durante muito tempo.

  • E é assim que vocês, homens, ultrapassam a resistência – Mall espetou um dedo no peito
    dele, provocando-o –, dando uma semana de aviso para uma rendição forçada? Mas que belo
    comportamento!

  • Eu não sou um rei – replicou Tom, com um sorriso ocioso. – Se fosse, não esperaria uma
    semana.

  • Tomarias o que quisesses de imediato?
    Ele inclinou-se para ela.

  • E não daria tréguas.
    Mall riu-se, deliciada.

  • Oh, parem, vocês os dois! – Frances, entrando no quarto, juntou-se aos risos. – Ainda bem
    que não é o rei. – Suspirou, de novo séria. – Cheguei a uma conclusão.
    O tom subitamente decidido fez com que ambos se sentassem.

  • E que conclusão é essa? – perguntou Mall enquanto se tapava com o lençol.

  • Não tenho sido justa para com o rei. Tenho sido firme na minha rejeição, mas houve alturas
    em que o deixei pensar que, no fim, tudo seria possível. Ele tem razão. Brinquei com os seus
    afetos durante demasiado tempo. A verdade é que preservei a minha inocência mas perdi a
    honra. Agora tenho de me decidir. Estarei disposta a partilhar o seu leito? Se não estou, tenho de
    deixar esta corte e encontrar um esposo. Qualquer um que não seja cego ou surdo e tenha cabelo
    e dentes servirá. – Sorriu ao casal na cama, que, de tão espantado, ficara em silêncio. – Na
    verdade, qualquer cavalheiro com mil e quinhentas libras por ano que me aceitasse com honra
    bastaria.

  • Perdoe-me – interrompeu Mall, apoiando-se num braço. – Será esta a mesma Frances Stuart
    que não cederia, ainda que pudesse ser duquesa, a que agora se contentará com umas míseras
    mil e quinhentas libras?

  • Isso era para ser amante. Isto será para ser esposa. Ao menos terei uma oportunidade de
    conseguir uma vida digna. E será necessário que lance uma rede bem grande, pois quem se
    atreverá a roubar a menina dos olhos do rei?
    Mall resfolegou.

  • Então arranje um velho. É melhor ser a querida de um velho do que escrava de um jovem. –
    Acariciou o braço de Tom num gesto lascivo. – Ainda que haja vantagens...

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