Maeve Haran - A Dama do Retrato PT (2013)

(Carla ScalaEjcveS) #1

como um toro sujeito ao machado do lenhador. Porém, por deliciosa que fosse tal ideia, em que
serviria os seus propósitos?
O curso mais seguro seria deixá-los fugir em segredo, já que nem o rei poderia anular um
casamento legal. E, não obstante, isso privá-la-ia do papel que desejava ter na destruição de
Frances. Ela queria que o rei testemunhasse por si mesmo aquela traição cometida pela mulher
que amava, já que isso lhe causaria o maior dos sofrimentos. E agora ela teria de ponderar
sobre a forma de o conseguir.
Assim que Frances e o duque, idiotas apaixonados, se despediram, Barbara vestiu o manto e
desceu as escadas.
A pessoa que procurava para a auxiliar naquele empreendimento era Mister William
Chiffinch, que não havia muito ocupara o lugar do irmão Thomas como pajem do rei e que,
juntamente com Mister Progers, o camareiro, sabia mais acerca de encontros secretos,
adultérios, casos amorosos e traições entre cortesãos de Whitehall do que qualquer outra pessoa
do palácio.
Quando solicitou a sua ajuda, com a promessa de favores e recompensas, ele mostrou-se
muitíssimo satisfeito por cooperar.
Dos seus aposentos, próximos dos do rei, Mistress Chiffinch controlava que senhoras, puras e
impuras, tinham permissão de subir à câmara de Sua Majestade. E esperava lucrar imenso em
poder e influência com essa incumbência.
Contudo, ultimamente isso não acontecia.
Frances Stuart havia prejudicado o negócio.
A obsessão que o rei tinha por ela reduzira grandemente o seu interesse na miríade de outras
mulheres que Mister Chiffinch arranjava. Na verdade, o alegre monarca, nos meses mais
recentes, caíra numa tal tristeza que perdera por completo o interesse por atividades na cama.
Barbara sabia disso como ninguém pois, para seu grande enfado, tinha de deitar mão a todos
os seus truques lupanários para lhe incitar o entusiasmo decrescente, coisa que fazia maldizendo
Frances entre dentes.
Para Mister Chiffinch, a condição atual do rei era um sacrilégio e ele sabia quem culpar. Na
verdade, foi um alívio ser abordado por Lady Castlemaine. Ela poderia ser uma megera, rapace,
gananciosa e interesseira, mas estes eram atributos que Mister Chiffinch compreendia e com os
quais sabia lidar.
Bem mais difícil de compreender e uma ameaça maior ao funcionamento das coisas era
Frances, que não se servira nem da beleza nem do forte desejo que o rei tinha por ela em
proveito próprio. De que servia uma atitude assim? Mister Chiffinch teria todo o gosto em
mantê-la debaixo de olho e informar Barbara, caso ela recebesse alguma visita imprevista.
Fez uma vénia profunda diante de Lady Castlemaine.



  • Ela governa há demasiado tempo o coração do rei, só lhe causando sofrimento.

  • É verdade – Barbara assentiu. – É nosso dever libertarmo-lo dela.
    Um criado apareceu com uma bandeja de prata com taças e uma garrafa de brandy.
    -
    Finalmente, ao regresso do negócio, como é costume! – brindou ele, após o que ambos

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