- Queridos amigos – começou o pastor. – Reunimo-nos aqui, sob o olhar de Deus e perante
esta assembleia, para unir este homem e esta mulher pelos laços sagrados do matrimónio.
Quando chegou à fatídica questão que pretendia averiguar se algum dos presentes sabia de
algum impedimento legal à celebração do casamento, Frances deu por si a olhar para a porta,
como se uma fanfarra pudesse soar a qualquer momento, antecedendo a entrada do rei.
Porém, nenhum impedimento foi apresentado. Por fim, o pastor voltou-se para o duque. - Charles, aceitarás esta mulher como tua esposa, para que vivam juntos com a bênção de
Deus na condição sagrada do matrimónio? Irás amá-la, reconfortá-la, honrá-la e mantê-la, na
saúde e na doença e, esquecendo todas as outras, serás apenas dela, até que a morte vos separe?
Vinte pessoas contiveram a respiração, à espera. - Sim.
Era a vez dela. - Frances, aceitarás este homem como teu esposo, para que vivam juntos com a bênção de
Deus na condição sagrada do matrimónio? Irás amá-lo, confortá-lo, honrá-lo e mantê-lo, na
saúde e na doença e, esquecendo todos os outros, serás apenas dele, até que a morte vos separe?
Antes que ela pudesse responder, um grasnido levou a que todos olhassem para trás. O
papagaio-cinzento estava aos pulos, tufava as penas e declarava: «Sim! Sim!», enquanto todos
choravam de tanto rir. - Então, reverendo – perguntou o duque com uma expressão muito séria –, espero que isto
não queira dizer que desposei o papagaio. - Ou que o papagaio casou comigo – brincou Frances.
- O pássaro permanece solteiro – confirmou o pastor, entrando no espírito daquela invulgar
cerimónia nupcial.
Os noivos trocaram alianças e os votos foram completados, para regozijo geral e não pouco
alívio tanto de Frances como de Charles.
No fim, o duque encantou a assembleia reunida beijando a noiva à vista de todos, enquanto o
papagaio inclinava a cabeça e proferia, bastante satisfeito: - É o bom Charlie Stuart!
Depois passaram para a sala de jantar, onde um desjejum nupcial fora preparado sob a
supervisão rigorosa de Mary, do qual todos desfrutaram, desde o duque e a sua nova duquesa
até ao criado mais humilde.
Mary tinha descoberto que Simon, o rapaz incumbido de afugentar os pássaros, era muito
dotado com a rabeca; depois de os pratos serem levantados, dançaram ao som das músicas que
ele conhecia até todos ficarem exaustos. Foi então que o duque anunciou que poderiam tirar o
resto do dia, enquanto ele e a esposa se recolhiam ao quarto, apesar de ser tão cedo.
E foi assim que, algo embaraçados, Frances e o noivo, acompanhados pelo ressoar de batidas
de caçarolas, de pés no chão e assobios, foram escoltados ao longo da grande escadaria até ao
quarto, onde um jarro de hidromel, conhecido como a bebida dos recém-casados, os esperava. - Tomem – gritou Mary, tirando algo do bolso –, é preciso atirar a meia!
Entregou-a a Frances, que lançou a meia por cima da cabeça para a multidão risonha, onde
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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