influência, já que implicava o acesso mais íntimo à consorte. E, por conseguinte, grandes
oportunidades de dar seguimento às situações que necessitassem de alguma pressão, bem como
a possibilidade de se lucrar com isso.
A condessa baixou o tom de voz.
- Ainda não foram nomeadas. É um mistério.
- Porquê?
Depois de olhar por cima do ombro, a condessa respondeu: - Suspeitamos de que possa estar relacionado com a Lady.
Raras vezes Frances vira Mall tão escandalizada. - Ela não se atreveria! Esperar ser dama de companhia da rainha, quando é amante do rei?!
Nem ela seria capaz disso!
A condessa encolheu os ombros e fez sinal com a cabeça para que Mall a seguisse para um
canto recatado da divisão, onde poderiam continuar a conversar em voz baixa. - Mistress Stuart... – Frances viu-se rodeada por três das jovens. A mais audaz, Cary Frazier,
começou a tocar-lhe nas mangas do vestido. – Diga-nos, senhora, como são feitas estas mangas.
Referia-se à forma como Frances enrolara o cetim azul do manguito, prendendo-o com fitas
para revelar o camiseiro que tinha por baixo. - Oh, é apenas um pequeno truque usado pelas damas de Paris.
- Ai sim? – empertigou-se Cary Frazier. – Demasiado difícil para nós, que somos inglesas?
Frances percebeu que a sua tentativa de se mostrar modesta fora interpretada como orgulho. - E mostrar o camiseiro que usa por baixo do vestido é mais apropriado ao boudoir do que
quando está acompanhada. – Jane La Garde, outra das futuras aias da rainha, puxou o tecido
suave que Frances usava sob o vestido. – Não a escandaliza expor a roupa branca dessa forma?
Ela encolheu os ombros. - É assim a moda de lá.
- E a cor do seu cabelo – interveio Catherine Boynton. – Nunca vi algo assim aqui. Que tom
escolheu o seu cabeleireiro?
O comentário levou-a a levantar o queixo, consciente de que não estava a ser alvo de
perguntas amistosas. - A cor da natureza, minha senhora. Aquela com que nasci.
- Muito bem, Frances! – elogiou Mall. – Vamos, senhoras, cessem o interrogatório. Em Paris,
Mistress Stuart é conhecida pela sua beleza sem artifícios.
Uma vaga de risos percorreu o grupo de jovens, e Frances desejou que Mall a tivesse
deixado defender-se a si mesma. - Ah – comentou Mary Scroope. – Não podia imaginar que, nesta corte, viéssemos a conhecer
beleza sem artifícios! - Quanto a mim – apressou-se Jane La Garde a acrescentar –, admiro muitíssimo o seu
cabelo. Ensinar-me-á a entrançar o cabelo dessa forma, deixando algumas madeixas caídas
sobre os ombros?
Frances sorriu, ansiosa por agradar.