- Com certeza. Ainda que as damas francesas me achassem tão rude como uma criada de
campo, em vista da beleza sofisticada delas. - Dado que nós não somos tão requintadas como a senhora, deveremos ser aias de um antro,
em vez de damas da câmara real – foi a resposta azeda como vinagre de Catherine Boynton. - Então, então, senhoras! – Mall tinha terminado a conversa privada. – Vamos passar muito
tempo juntas ao serviço da rainha, temos de ser amigas.
Estas palavras recordaram a Frances a forma como a sua ama costumava ralhar com ela e
com Sophia para que parassem de discutir. Surpreendida, de repente sentiu imenso a falta da
irmã e dos aposentos que partilhavam no Palais Royal. No entanto, doravante aquela seria a sua
casa, em Inglaterra, e, apesar da receção pouco calorosa daquelas jovens, tencionava ser feliz
ali. - Quando podemos esperar a rainha Catarina, minha senhora? – perguntou Jane La Garde à
condessa de Suffolk. - No final de maio. Depois os reis irão para o palácio de Hampton Court, onde passarão a
lua de mel. - É verdade que Lady Castlemaine planeia ficar lá com o bastardo do rei? – quis saber
Catherine Boynton. - Se planeia, serei eu mesma quem lhe dará um puxão de orelhas, além de ter de cuidar de
uma criança chorosa– ripostou Lady Suffolk, que era também tia de Barbara. - Quem me dera que fosse verdade que a minha tia pudesse mandar Lady Castlemaine embora
com um puxão de orelhas – sussurrou Mall enquanto se dirigiam para o rio, depois de se
despedirem das damas reunidas. – Mas, no que diz respeito à minha prima Barbara, o rei é tão
cego como um cachorro recém-nascido. - E o que lhe dá tanto poder sobre o rei? – inquiriu Frances. Ela sabia que o rei era bondoso
e tolerante, alguém que, quer como homem quer como monarca, era digno de admiração por
muitos motivos, e não compreendia a influência que aquela dama parecia exercer sobre ele. – É
a sua grande beleza? - Oh, a Barbara Castlemaine é bela, não há dúvida. Como um pêssego maduro, apanhado na
altura em que está mais cheio e sumarento, mesmo antes de começar a apodrecer. Mas não é isso
que a torna tão atraente. - O que é, então?
- O apetite dela. Barbara tem uma pulsão tão forte como a de um homem. Lembro-me de que,
quando era criança, costumava tocar-se nas partes baixas, à vista de qualquer um, como se não
houvesse no mundo motivo para se sentir envergonhada.
Frances desviou o olhar, chocada e intrigada ao mesmo tempo.
Nunca, nem num milhar de anos, o admitiria perante Mall, mas a verdade era que também
sentia um certo fascínio por aquela criatura escandalosa que ousava desprezar todas as
convenções impostas às mulheres virtuosas.
Barbara Castlemaine poderia ser o diabo em forma de pessoa; contudo, comparada com as
damas com quem Frances fora criada, cujo divertimento principal era passar horas pias de
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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