esplêndida moldura dourada, de forma oval e quase com um metro e oitenta de altura, com rosas
a adornar os rebordos.
- Mas que lindo é! – exclamou a rainha. – E de onde vem?
Ninguém sabia. - Talvez seja uma surpresa do seu marido, Vossa Majestade – sugeriu Jane La Garde,
esperançosa. - Julgo que me teria dito – respondeu a rainha, enquanto as damas se divertiam a encostar o
grande espelho à parede e se riam ao admirarem-se, com as mais jovens a fazerem poses à vez. - Venham, vamos perguntar-lhe.
A rainha, Jane e vários pajens foram em busca do rei. - Espelho meu, espelho meu – riu-se Cary Frazier, sempre a mais espevitada do grupo. –
Quem é mais bela do que eu? - Eu.
Todas se voltaram, deparando-se com uma dama de olhos violeta que as fitava com uma
expressão arrojada e divertida.
A sua pele era de uma brancura resplandecente que competia com a da estátua de Ísis dos
jardins e os seus lábios vermelhos formavam um botão de rosa provocante. Usava um vestido
largo de seda âmbar, tão decotado que lhe revelava os ombros, os folhos do camiseiro e a
sugestão de uma combinação sedutora, como se acabasse, àquela hora tardia, de se levantar da
cama. - Barbara! – sussurrou Mall num tom de censura. – O que está a fazer nos aposentos da
rainha? - Dado que serei uma camareira da rainha – replicou a dama com insolência –, em que outro
local haveria de estar? - No inferno – respondeu Mall num sussurro furioso. – Ou morta num monte de excrementos,
como Jane Shore, a amásia do rei Eduardo, como merece. - Ainda bem que é minha prima, Mary Villiers, caso contrário, seria a senhora que acabaria
nesse monte de excrementos, atente no que lhe digo.
Com um brusco ruge-ruge de seda, Barbara virou-lhes costas, fazendo apenas uma breve
pausa junto à porta. - Minhas senhoras, creio que ficarão a saber que esse espelho se destina apenas a mim. O rei
sugeriu que o colocasse junto à cama. – Um sorriso trocista iluminou-lhe as feições
encantadoras. – Não será necessário explicar-vos porquê.
Fechou a porta, deixando um pesado e escandalizado silêncio atrás de si. - Aquela – disse Mall, quase a cuspir as palavras – era a condessa de Castlemaine. Seduzida
aos dezasseis anos sem nunca se arrepender. Dizem que conhece todos os truques do bordel e os
executa a todos para manter o rei a comer-lhe da mão.
Frances tinha noção de que não deveria revelar a sua ignorância perguntando que truques
poderiam ser esses. Sendo uma jovem destinada a uma corte afamada pela sua licenciosidade, a
mãe de facto falara-lhe das mais primárias propensões dos cavalheiros. Contudo, tais homilias