Garde entrou de súbito na sua câmara, sem sequer se deter para bater à porta.
- Mistress Stuart! – disse, muito afogueada por ter subido as escadas a correr. – O
mensageiro do rei encontra-se lá em baixo. Pergunta se reparou no belo dia que está hoje e,
dado que lhe consta que a senhora é uma excelente cavaleira, se teria a gentileza de o passar
com ele?
Depois de proferir o extenso convite, quase se dobrou sobre si mesma, a ofegar.
Frances pensou muito depressa. Não poderia recusar tal convite sem um motivo muito bom. - Diga ao mensageiro que me sinto honrada, mas que demoraria tanto a preparar-me que o dia
ficaria arruinado e não desejo privá-lo de o apreciar. - Frances! – arquejou Jane. – Está a rejeitar o rei?
Frances entreteve-se com a renda do seu camiseiro. - Claro que não. Já são oito horas e eu ainda agora me levantei. Demoraria pelo menos uma
hora a arranjar-me.
Jane olhou para ela de soslaio, ciente de quão lesta Frances conseguia ser quando assim o
desejava. - Ainda bem que ele não convidou a Cary Frazier. Ela não ficaria pronta nem amanhã de
manhã.
Frances ignorou o tom jocoso da voz da amiga. - Já há pão para o desjejum?
- Vou procurar um criado e perguntar-lhe. É melhor dar início às suas abluções, dado que
demora tanto tempo a terminá-las.
Contudo, Frances ainda mal despira o camiseiro quando ouviu nova batida na porta. Ali
estava Jane, tentando conter o riso. - O mensageiro do rei regressou. O rei ordena-lhe que dispense as abluções prolongadas.
Parece que a sua beleza brilha o suficiente sem artifícios acrescidos. - Oh, céus. – Desta feita, Frances riu-se com a amiga. – Nesse caso, é melhor chamar uma
criada para que me prepare o fato de montar.
Quinze minutos depois, Frances desceu a escadaria da galeria privada até ao átrio do palácio
de Whitehall. O fato de montar, desempoeirado à pressa pela criada, não fora confecionado em
Paris, como muitos dos seus vestidos, nem sequer era de influência francesa. Até os
sobranceiros Franceses sabiam que, no que respeitava a fatos de montar, não havia outro que
fosse mais elegante e correto do que o inglês.
Tal como ditava a moda, o fato de Frances tinha linhas masculinas em brocado âmbar, com
pespontos dourados, embelezado com laços azuis-turquesa no pescoço e nas mangas e rematado
com folhos no peito. As damas mais ousadas davam primazia a bragas de pernas muito largas,
mas Frances preferia a elegância de uma saia de cetim cinzento-rosado e luvas de montar
contornadas com rosetas de couro de um cinzento muito pálido. Para completar o conjunto, o seu
bicorne tinha três garridas penas de avestruz em tons de âmbar, dourado e cinzento.
O criado sorriu ao ajudá-la a subir para o estrado de onde montaria o cavalo. Ela esperou
que lhe trouxessem o cavalo habitual, um baio plácido, famoso por ser capaz de encontrar o