mato antes de regressarem.
- Aprecia a vida em Whitehall, ou anseia ainda pelas alegrias de Paris?
- Aprecio muito a vida aqui. Contudo, sinto a falta da minha irmã e do meu irmão. E do meu
pai. Mas, pelo menos, a minha mãe também se encontra em Londres. - Eu também sinto a falta da minha irmã. Para mim, a Minette é a pessoa mais importante do
mundo. – Piscou o olho. – Claro que agora tenho mais uma irmã, a duquesa de York, que casou
com o meu irmão, mas não é possível compará-las.
Frances recordava-se do escândalo que rodeara o casamento de James, o irmão do rei. James
casara-se em segredo com Anne Hyde, a filha do chanceler, que engravidara, após o que tentara,
de forma muito pouco graciosa, repudiar o casamento, seguindo o conselho de amigos. Só uma
voz se erguera a favor da pobre mulher, segundo se dizia, e essa voz fora a do rei, que até a
visitara durante o período de confinamento da gravidez, para pôr fim aos rumores. - Ouvi dizer que Vossa Majestade foi carinhoso para com a dama.
- Sim. Se há homem que não tolero, é o hipócrita. Tive de lembrar ao meu irmão que temos
de nos deitar na cama que fazemos.
Frances desatou a rir. - Sou assim tão cómico? Se sim, não foi intencional. – Esboçou um sorriso triste. – Pretendia
mostrar-lhe o que de melhor tenho! - E assim fez. Contudo, recordou-me a minha velha ama, que tinha um provérbio para cada
ocasião. «Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és.» «Quem vê caras não vê corações.»
«Entre marido e mulher...»
Frances engasgou-se e calou-se, apercebendo-se de como era infeliz a escolha daquele ditado
da ama. Contudo, o rei parecia rir-se ainda mais. - Gostaria de conhecer essa moralista tão ferrenha. Aposto que teríamos muito em comum.
A ideia de a sua ama e um monarca com a reputação de Carlos poderem ter semelhanças era
tão improvável que Frances soltou uma risada. - Não me parece, Vossa Majestade. A minha ama tem uma mentalidade algo tacanha.
- Então eu poderia ajudá-la a alargar os horizontes, enquanto ela tentaria reencaminhar-me
para o caminho da virtude. - Não estará demasiado desviado para isso, Majestade?
Carlos abanou a cabeça. - Percebo que formou uma bela ideia a meu respeito, vivendo na casa de minha mãe.
Já tinham avançado o suficiente para verem o pomar ao fundo do parque. - Tem uma bela égua – elogiou o rei.
Frances corou. - Estou a treiná-la para uma amiga.
- Gosta de galopar? – perguntou-lhe o rei, já a esporar o cavalo.
Frances seguiu-o. - É a melhor sensação do mundo.
- Não será a melhor, mas é muito boa!