pelo menos, na corte francesa. Não sei se aqui o costume é igual.
- Mas estás tão alta!
Sophia riu-se e ergueu um pouco o vestido para mostrar os sapatos brocados e os seus tacões
vermelhos, como era moda na corte de Luís. - Não tanto quanto tu, mesmo com a ajuda destes!
- Então, então, a conversa será só acerca de moda, enquanto eu e o Walter somos ignorados
nesta carruagem fria?
O pai abriu a porta e saltou para o solo. - Oh, estou tão feliz por vos ver a todos – disse Frances, num tom muito alegre. – Já começo
a habituar-me aos hábitos da corte inglesa, mas tenho sentido muito a vossa falta!
O pai olhou com uma sobrancelha arqueada para a carruagem de Barbara. - Parece que fizeste alguns amigos importantes. O rei Luís não ficou lá muito satisfeito por
perder a Sophy depois de tu já teres vindo embora, e também dá grande valor às minhas
capacidades, mas o rei Carlos insistiu. Parece que és o diamante mais cintilante da sua corte.
Ela esticou-se para o beijar. Ao contrário da ambição desmedida demonstrada pela sua mãe,
ela pressentia a preocupação sentida do pai.
Depois olhou para trás, dividida por emoções contraditórias. Claro que se sentia lisonjeada
pelo cuidado daquele gesto, e encantada por toda a sua família poder ficar em Londres, mas
também estava algo perturbada. Gostava do rei e prezava a sua amizade, mas seria verdade –
como Mall insinuava – que a amizade não era verdadeiramente o que ele lhe oferecia?
O pai, parecendo compreender um pouco do que lhe ia pela cabeça, estendeu os braços. - Agora estamos aqui, querida, e veremos o que acontece. Não te preocupes. Como poderia
algo que nos dá tanto prazer acarretar algo de mau? A rainha-mãe gosta de nós e agora
poderemos ver-te. Na verdade – continuou, rindo-se de Sophia, que fitava, com um ar pasmado
e invejoso todas as pessoas elegantes que iam passando em carruagens –, será com a tua irmã
que teremos de ter cuidado. Londres, receio bem, poderá subir-lhe à cabeça mais depressa do
que uma bebida forte. A Sophia já te disse que trouxemos a ama connosco? Ela saberá ajudar-
vos a manter os pés bem assentes na terra, com rei ou sem ele. Não a ouves já? – Imitou a voz
de uma bruxa velha: – Grilhões, nem de ouro.
O riso de Frances espalhou-se, límpido e doce, pelo ar frio. - Oh, pai, como é bom ter-vos a todos aqui.
Porém, quando Barbara lhe perguntou qual o motivo da gargalhada, ela limitou-se a abanar a
cabeça, alegando tratar-se de uma piada de família. - Fico contente por vê-la feliz. – Barbara estendeu uma mão para a ajudar a voltar a entrar na
carruagem. – Decidi que precisamos de um entretenimento para alegrar estes dias maçadores e
frios, pelo que preparei uma pequena peça. - Ai sim? – Frances adorava festas e bailes de máscaras. – E qual é o tema?
- Verá. É uma velha mascarada. Haverá um casamento a fingir, eu serei o noivo e Mistress
Stuart será a noiva. Vai ser muito cómico, logo verá.
Na corte, estavam todos habituados àquelas diversões, e apreciavam-nas tanto como assistir a