Whitehall pelos campos. Será mais rápido do que pela estrada.
O regresso foi estimulante. Sem o impedimento das ruas apinhadas, galoparam em campo
aberto entrecortado apenas por muros de pedra e uma ou outra quinta até chegarem por fim a
uma barreira com portagem.
- Seria uma pena abrandar depois de uma cavalgada tão emocionante e, se o fizermos, a
chuva é capaz de nos alcançar. Venha!
Barbara esporeou a égua e passou pelo portão.
Frances, equilibrando-se na sela amazona, riu-se e seguiu-a, parando apenas por um instante
para olhar para o guarda estupefacto e atirar-lhe uma mão-cheia de moedas, mais do que
suficiente para pagar a portagem. Se uma grávida podia fazê-lo, ela também. - Frances Stuart – perguntou-lhe Barbara quando desmontaram diante dos estábulos da
cavalariça de Whitehall. – Porque pagou? Nunca conseguirei transformá-la numa foliona que
infrinja as regras despreocupadamente?
Frances abanou a cabeça. - É o meu sangue escocês. Somos uma nação útil.
Afagou a égua, sorrindo quando esta encostou o focinho ao seu pescoço, pensando naquele
que lha enviara. Atrás de si, divisou Barbara a conversar em voz baixa com Mister Chiffinch,
mordomo-mor, camareiro-mor e reposteiro-mor de Sua Majestade, ou seja, o conselheiro mais
íntimo do rei. Ninguém, e sobretudo dama alguma, tinha acesso aos aposentos privados do rei se
não através de Mister Thomas Chiffinch.
Era óbvio que ele e Barbara tramavam algum plano.
Barbara sacudiu a cauda molhada do vestido, molhando os pés de Frances ao fazê-lo. - Queira perdoar-me, minha querida. Estar de esperanças deixou-me tão desajeitada... para
tudo, exceto para o que se passa na cama!
Frances detetou o olhar de Cary Frazier, que aguardava à porta do quarto de vestir de
Barbara, com uma mensagem de Lady Suffolk. - Não faça um ar tão reprovador, Mistress Frazier. – Barbara virou-se para ela. – Lorde
Rochester disse-me que, quando um homem não consegue satisfazê-la, a senhora procura
alcançar o prazer com um falo falso!
Cary Frazier corou tanto que ficou mais garrida do que o brocado que contornava a grande
cama de Barbara. - Isso é uma calúnia! Sabe que Lorde Rochester tem uma língua perversa...
- E usou-a bem na sua fenda, pelo que ouvi dizer.
Cary Frazier parecia a ponto de cuspir na cara de Barbara. - Como é do conhecimento de todos, Lorde Rochester tem uma imaginação pérfida sobre
esses assuntos. - Motivo pelo qual é um companheiro de cama excelente, segundo me dizem.
- Para além disso – murmurou Cary entre dentes –, para encher um buraco como o seu, com
todo o uso que tem tido, ele precisaria de três falos. - O que disse? – perguntou Barbara.