tornar à carga. Tentei evitá-lo, mas ele procura-me e eu não sei mesmo como devo comportar-
me.
O seu pai, alto e louro como ela, suspirou.
- Quem me dera ser um homem rico ou um proprietário com uma grande casa onde te
pudesses refugiar. – Pensou por um instante. – Tenho a certeza de que, se quisesses, poderias
ficar com os nossos parentes, os Blatyres.
Frances suspirou também, imaginando como seria a sua vida, desterrada nas terras inóspitas
da Escócia como uma familiar pobre, quase uma criada sem ordenado. E a sua vida ainda nem
tinha começado! - Mas diz-me, querida, não te sentes nem um pouco deslumbrada pela atenção do rei, por
seres tão falada e invejada?
Ela riu-se com os olhos. - Admito que, ao início, me agradou ser preferida. Afinal, o rei é um homem encantador. Mas
agora sinto-me desarmada e não sei o que fazer.
Walter Stuart sentou-se ao lado dela. - Diz-se que, por espantoso que pareça, o rei te ama verdadeiramente...
- Mas, pai, há a rainha! Por isso, tudo o que ele poderá oferecer-me será ser meu amante e
que eu o partilhe com uma dúzia de outras damas. Não é isso que eu desejo!
O pai observou-a. - Deste o teu coração a alguém com quem preferisses casar?
Ela desviou o olhar, ciente de que não havia solução para a posição em que se encontrava. - Só um homem, que casou há não muito tempo com uma mulher abastada.
- Ao contrário de ti... Querida filha, lamento não ter podido ajudar-te nessa questão. Mas
agora és uma aia da rainha e ela dar-te-á um dote. Foi por isso que desejámos que ocupasses
esse cargo. Se te mantiveres ao seu serviço, isso representará uma forma de conseguires um
casamento. - Se alguém me aceitar – murmurou Frances com amargura. – Ou alguém honrado, sabendo
que o rei declara querer-me. - Teremos de esperar que estes novos sentimentos nobres que ele nutre por ti te ofereçam
alguma proteção. Isso, ou que ele se farte de esperar e procure uma dama que esteja disposta a
aceitá-lo! - Se ao menos ele conseguisse fazê-lo. – A estranheza da sua posição provocou-lhe um
sorriso. – O dilema é que a minha própria resistência o leva a cortejar-me mais.
O pai suspirou, fitando o rio ao longe, e Frances percebeu que ele não poderia ajudá-la.
Passara a vida ao serviço do rei e não tinha mais certezas do que ela quanto a qual seria a
melhor conduta a adotar.
Mall era a única pessoa que ela conhecia que compreendia realmente os meandros da corte,
mas, nos últimos tempos, haviam-se distanciado.
Talvez estivesse na altura de se reconciliarem. Depois do encontro dececionante com o pai,
Frances procurou-a, encontrando-a ainda deitada àquela hora tardia, com a pequena Mary a seu