Época – Edição 1077 (2019-02-25)

(Antfer) #1
Bolsonarono Senado. ACasa, agorapresidi-
da pelo senadorDaviAlcolumbre(DEM-AP),
sob atutela de Onyx Lorenzoni, ministro da
CasaCivil, évistacomoproblema menos
grave para ogoverno do que aCâmara.
Otempo que não foi gastopelosdeputados
bolsonaristas paraarticular umabasede
apoio foi dispensadoapicuinhasinternasde
forte impactonasredessociaisenenhuma
serventia prática. Aprimeiragrande crise
do maiorpartido do Brasil ocorreu em ja-
neiro,quando12parlamentares foramàChi-
na aconvite de autoridadeslocaispara,entre
outrascoisas, conhecer osistemade reco-
nhecimento facialdagigante de tecnologia
Huawei. Olavo de Carvalho qualificouos de-
putadosque lá estavamde “semianalfabe-
tos”,alegandoque eles poderiam“entregar”
informaçõesdos brasileirosaPequim.Até
hoje onúcleo maisideológico da bancada do
PSL isolaachamada “bancadada China”.A

Eduardo Bolsonaroéatribuída aautoriada
postagemde Olavo de Carvalho.
Alguns deputadosdo PSL veemocom-
portamento exaltadode membrosdo partido
comoatitudecontraproducente no momento
em que os esforçosdeveriamse voltarpara a
aprovaçãoda reformada Previdência.Outros
achamque osegredo do sucesso está justa-
mente na posturaagressiva.CarlaZambelli
(PSL-SP)ganhounotoriedadeao lideraroes-
tridente movimento NasRuas econcordaque
éprecisorebater cadaquestionamento,alto e
bomsom,pois “é isso oque os eleitoresque-
rem”.ODelegadoWaldir (PSL-GO),líderdo
partidona Câmara,vai alémediz que as bri-
gas “na frente de todomundo”são “um novo
modeloaque muita gente não está acostuma-
da”.Ouentão,emsuas própriaspalavras:
“Nossosdebates não são atrás das portas”. Já
Felipe Francischini (PSL-PR),que ocupa o
lugar do pai, Fernando Francischini,pensa
diferente. Desdeque foi eleito, trabalhanos
bastidoresparaestabelecer algumdiálogo
com os partidos ecom Rodrigo Maia.

C


omoaesmagadoramaioriados depu-
tadosdo PSL iniciaoprimeiromandato,
em algunsmomentos ainexperiênciaganha
tons de comédia, comoocorreunaprimeira
votaçãoda atual legislatura,no início de feve-
reiro.Oplenáriovotariauma lei sobreoblo-
queiode bensde organizações ligadasao ter-
rorismo.Havia aval de SergioMoro.Mesmo
assim,ocaos perseverou.OMajor Vitor Hugo
foi pressionadopela bancadada própriasigla
eteve de negociaruma alteraçãodo textono
momento em que otema já era discutidoem
plenário.Parte da bancada achava que parte
do textoferia asoberania do Brasil eseria
uma formade “entreguismoàONU”. Aalte-
ração foi feita contra aorientaçãodo Execu-
tivo, eaproposta foiaprovada.Depoisdo
episódio, ogovernopassou adespachar téc-
nicosparaexplicar,naCâmara,as pautas
que seriamvotadas.Comoapalavra “China”
não sai do anedotáriodo partido,naprimeira
ocasiãoemque os parlamentares receberam
os técnicos,Carla Zambellifez uma pergunta
singelaefora do contextoda reunião.Quando
estevena comitiva,um empresáriochinêsha-
via dito que ele possuíaum portono Brasil.
Ela, então,perguntou se isso não feria asobe-
raniado país. Otécnicoteve de explicarque
tratava-sede uma concessãoprivada.

Escolhidopor Bolsonaropor sua lealdade,


Major Vitor Hugo,líder do governo,ocupa


posiçãosolitária—não éencaradopor colegas


comoelo políticocom oPaláciodo Planalto


NOVOSTEMPOS

Exonerado num episódio
burlesco com Bolsonaro,
Bebiannopode complicar
oatual governo


RICARDOMORAES/REUTERS


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