Época – Edição 1077 (2019-02-25)

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os casosde repercussãonas mãosdo MPflu-
minensenestemomento.Foi comVieira,a
quemchamade chefeatéhoje, que aprendeu,
durante umadécada,tudosobreapolíticain-
ternada instituição—eéisso,muitomais do
queinvestigaçõesespetaculares,que garante a
longevidadedo poderentre os pares.
Nascido em Barrado Piraí, no interior
do estadodo Rio,Gussemtornou-sepromo-
tor em 1993,na Baixada Fluminense. Teve
passagens discretaspela região,semne-
nhumcasode repercussão aser lembrado.
Enveredoupelaáreade gestãodo MPapar-
tir de 2003,eassimchamouaatençãode
Vieira,quelogoorecrutouparaparticipar
de sua primeiragestãocomoprocurador-ge-
ral, no fim do governoRosinhaGarotinho.
Hoje as relações institucionais do MPes-
tão nas mãosde Vieira.Éfunçãodo conse-
lheiro ementor de Gussemencontrar,como
fez neste ano,gente comoovice-presidente
HamiltonMourão,oministrodaJustiça Ser-
gio Moro eopresidente daCâmara, Rodrigo
Maia. Gussemnão gostadessas coisas —ou
Vieiranuncaodeixou gostar. Suainfluência
permite queentre na salade Gussem sem
precisar bater na porta, graçasauma passa-
gemqueliga oespaço ondeVieira trabalha
ao gabinete do procurador-geral.

P


artedadescrençanotrabalhodo MPdo
Rio vemdos tempos de ClaudioLopes,ri-
val de GussemeVieira,na chefiadainstitui-
ção,entre 2010 e2013. Lopesfoi presoemno-
vembrodo anopassadoacusadode receber
R$ 7,2 milhõesem propinasdoesquema de
Cabral.Adesconfiançavemtambémdos
tempos de Vieirano poder, quecoincidecom
aera da duplaSérgio CabralePezão.Vieira,
ressalte-se,nuncafoi acusadode nada,mas
tevede engoliralfinetadasde companheiros
do Direito nosúltimosanos.Ojurista Joa-
quim Falcãochegou aescrever um artigocha-
mandoainstituiçãode “necessária,masiner-

te”. Em despachos, ojuiz MarceloBretas,res-
ponsável pelaOperaçãoLava Jato fluminense,
tambémjá manifestouinsatisfaçãocomos me-
canismosde controleno estado.
Três investigaçõessobreSérgioCabral
foramarquivadaspeloMPdurante seu pró-
priogoverno.Uma sobresuasrelaçõescom
oempresárioFernandoCavendish,donoda
Delta;outrapelacélebrefarrados guardana-
posem Parisaoladode empreiteiros com
contratos bilionárioscomoestado;eaúlti-
ma pelousoindiscriminadode helicópteros
paralevaroex-governadoreseu cachorro
Juquinhada casade Mangaratibaparaaca-
pital.Emtodasas investigações—asduas
primeirassobLopeseaúltimaacargo de
Vieira—, procedeu-se da mesmaforma.
Ofíciocomperguntas ao governador,res-
postasconvenientemente incompletasear-
quivamento carimbadoporfaltade provas.
Embora em camposopostos, um discurso
corporativista esem autocríticauneotrio
Gussem,VieiraeLopes: elesachamqueo
MPdo Rionãofalhouenquanto oPMDB
desviava milhõesde reaisdos cofres públicos
do estado. Semasdelaçõespremiadas inau-
guradasemlargaescala no Brasilpor Deltan
Dallagnol, Sergio Moro ecompanhia, os três
defendemque jamaisseriapossível ter des-
cobertoas falcatruasno Palácio Guanabarae
os esquemas de corrupçãono paísinteiro.
GussemeVieiralembram aindavárias ações
de improbidade queestãoem cursoagora
contra Cabraleseus ex-secretárioscom base
nas informações da Lava Jato.
No caso MarielleFranco,por exemplo,o
modusoperandida Repúblicade Curitibaco-
meçaaser adotado aos poucos. APolíciaCi-
vil eoMinistérioPúblico do Riochegarama
tentar usar acolaboraçãopremiada paracon-
vencer omilicianoconhecidocomoOrlando
Curicica,detidoemumpresídiode seguran-
ça máxima,afalartudooque sabe. Orlando
nãotopoueaindapassouaacusar os investi-

MARFANVIEIRA,EX-PROCURADOR-GERAL
EPADRINHODEGUSSEM,TEMLIGAÇÃOCOM
OGABINETEPRINCIPALPORMEIODEUMAPASSAGEM
PRÓPRIA,QUEPERMITEACESSODISCRETO
ESEMPRECISARBATERNAPORTA DOSUCESSOR

NOSCORREDORESDOPODER
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