Época – Edição 1077 (2019-02-25)

(Antfer) #1
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A


últimamesaque eu atendi no Pointda
Cacimbana quinta-feira 14 foi adoator
Luiz FernandoGuimarães.Normalmente, saio
do restaurante porvoltadas 16 horas,masna
alta temporadaagente aproveita paraestender
oatendimento aos clientes. Oexpedienteter-
minou às 17h30.AviseiparaaGisele,queéa
responsável pelorestaurante,que pegaria on-
da efui em direçãoaomar da PraiadaCa-
cimbado Padre comaprancha de bodyboard.
Meus amigos Herbert eSadraqueestavam na
areia, comodecostume. Era para sersómais
um dia normalpegandoondajuntos.
No mar,vicardumes.Naquelehorário,
tambémécomumquetubarõesestejamse
alimentando.Eles nãoestãona praiatodos
os dias,massãovistosfrequentemente. A
convivênciaéharmônica.Entre umaondae
outra,levei umavacaesolteiaprancha.
Nesse momento,quandofui pegarum novo
impulso,caí porcimado animalebatimeu
rostode frente comodele. Na mesmahora,
senti os dentes afiadospassandopelomeuros-
to.Não senti dor emantive acalma.Vi queo
tubarãonão chacoalhounemtentou umanova
mordida.Ele apenasfoi embora. Imaginoque
atéhoje ele nãodeveter entendidooque
aconteceu.Porisso,reforçosempre:nãofui
atacado.Acho que fui eu quematacouobicho.
Eu já sabiaqueSadraquetinhapavor de
sangue.Se ele me vissedo jeitoqueeu esta-
va, era capaz de desmaiar.Tive de me afastar
deleedeHerbertegriteiquefui mordido.
Pedi queavisassemàs criançaseaos turistas

na praiaparaquemantivessemdistância
também.Porincrível quepareça,saí do mar
caminhando, tranquilo.Quandotireiparte
da roupade mergulho eaamarreina cintura,
percebi queminhacabeça sangrava muito.
Chegueiao restaurante para encontrar
Giseleepedirque ela ligasse paraum servi-
ço de emergência. Porironiado destino,
quem estava lá era minhaesposa,Juliana,que
decidiu me encontrar depois do expediente.
Estamosjuntos há 11 anos.Assustada,ela
me perguntava oque havia acontecidoeeu
só sabiadizerquealgumbichotinhame
mordido.Quandofui paraocarro,percebi
queasituaçãoera aindamaisgrave. No re-
flexodajanela vi queminhaorelha estava
penduradaemeu queixomuito aberto.An-
tes de Julianachegarcomachave, eu enro-
lei orostona roupaparaqueela nãopreci-
sassemaisver comoeu estava.
Entre as vantagens de viverem Noronha
estáofato de tudoser muito perto. Chega-
mosem cercade 20 minutosaoHospitalSão
Lucas.Descido carroefui andandosozinho
atéasala de emergência.Não havia ninguém
paraser atendido,apenaseu. Assimque deitei
na maca,todaaequipemédicadeplantão me
atendeu einiciou oprocedimentocirúrgico.
Foramcincohorasde suturae83pontos.
Durante todoesseprocesso, eu nãodesmaiei,
masno finalasituaçãoficoumaiscrítica.
Perdi muito sangue epor duasvezes apres-
são chegouamarcar6por 2. Da salade ci-
rurgiafui direto paraasala vermelhaefiquei

Opernambucano Carlos
Vinicius Cavalcanti, de 31
anos, pegaonda em
Fernando de Noronha,
aonde chegou há dois
anos depois de deixar um
empregoemum
escritório de advocacia

CAÇADOR


OGARÇOMESURFISTAQUELEVOU
83PONTOSNACABEÇAAOSER
ABOCANHADOPORUMTUBARÃO
EMUMAPRAIADEFERNANDO
DENORONHA
porCarlosViniciusCavalcanti
emdepoimentoaGiseleBarros

VIVIPARACONTAR
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