Época – Edição 1077 (2019-02-25)

(Antfer) #1
estético, mastambém está conectada àhis-
tóriapolítica,socialeartísticademodofas-
cinante”,observou, ressaltando,porém,a
complexidadedos eventos. São produções
caras, que exigem, além de historiadores,
profissionais especializados na conservação
de tecidos enamontagem dosmanequins.
Oarmazenamento das peçasécustoso,
principalmentepor causados cuidados
com oacervo mais antigo,muito frágil.

O


Design Museum, de Londres,não tem
umacervohistóricocomooV&A,que
armazena 100 mil peças, mas tambémapos-
ta em modapara manter suasgalerias
cheias.Seu foco principaléoprocesso de
criação de uma coleção,dainspiração à
confecçãodo produto.“No ritmoacelerado
da modaexiste uma energia criativaque
capturaummomentonotempo.Nãovemos
isso em outras áreas maislentas do design,
como aarquitetura, onde os projetospo-
dem levar anos para ser concluídos”, desta-
cou acuradora Gemma Curtin, responsável
pela exposição em homenagem aAzzedine
Alaïa apresentadapelo Design Museum no
anopassado,umadasmostrasmaispopula-
res já realizadas pela instituição.
Em 2017, atéoMuseudeArte Moderna
de Nova York (MoMA)securvouaotema,

abrindosuassalas —pela primeiravez em
70 anos —para discutir ainfluênciada
moda na história contemporânea,por
meio de roupas eacessóriosque fazem
partedodiaadiadahumanidade.Estavam
lá desdeaprimeira jaqueta jeans atéacon-
troversapochete,além de um par de Ha-
vaianas, entresarisehijabs. Isso éarte?O
jornalTheNew York Timesencerrouadis-
cussãoaplaudindo oMoMA por finalmen-
te oferecer espaço para investigar amoda
tanto do ponto de vistaestético quanto an-
tropológico. Em cidadescomo Moscou,
Florença,Montreal, Antuérpia eSan Fran-
cisco,osprincipais museus tambémjáfo-
ram ocupados por reflexões semelhantes.
No V&A, uma instituiçãovoltada para o
design, os curadores não perdem tempo de-
batendoseumvestidoseráentendidoounão
como obradearte. Roupas nos cercam, mes-
mo que não estejamos minimamente interes-
sados nelas, eestão entre os elementos que
definem uma era. Umapeça também pode
provocardiferentes experiênciasvisuais,
questionandoosconceitostradicionaisde
beleza. No museu, ouniverso da couture —
elementoprincipaldaimpecávelhomenagem
aDior —fica acessívelatodos. “Não acho
queprecisemosdiscutirsealta-costuraéarte.
Alta-costura éumgênero em si mesmo. Há

DEDALCLÁSSICO

Aestilista britânica Mary
Quant(acima)seleciona
tecidos em armazém
em Londrespara
acoleçãode1967
Àdireita, acuradora
Oriole Cullen(de costas)
eadesigner da Dior,
MariaGrazia Chiuri
(de preto),noVictoria
and Albert Museum

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