A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

Edimburgo. Apesar de ter cursado uma instituição de segunda categoria —
a maior parte de seu;
colegas vinha de escolas públicas de elite e de Oxbridge transitou
rapidamente por uma série de cargos administrativos antes de ser
promovida a diretora de Envolvimento com a Comunidade. Seu emprego,
como ela frequentemente o descrevia, consistia em conseguir votos junto a
classes de britânicos que não tinham nenhuma razão para apoiar o Partido,
sua plataforma ou seus candidatos. Todos concordavam que não passava de
um posto temporário em sua jornada para um status melhor. O futuro de
Madeline era brilhante — “brilhante como uma erupção solar”, nas palavras
de Pauline, que observava a ascensão da colega mais jovem com uma boa
dose de inveja. Rumares insinuavam que ela era beneficiada pela influência
de alguém importante no Partido. Alguém próximo ao primeiro-ministro.
Talvez até mesmo o próprio. Com uma aparência de estrela de cinema,
intelecto aguçado e energia inesgotável, Madeline estava sendo preparada
para uma vaga no Parlamento e um ministério. Tratava-se de uma questão
de tempo. Pelo menos era o que diziam.
Por tudo isso, era muito estranho que Madeline Hart fosse solteira
aos 27 anos. Quando lhe perguntavam sobre sua parca vida amorosa, ela
declarava que estava ocupada demais para se dedicar a um homem. Fiona,
uma linda mulher com cabelos escuros e um lado ligeiramente perverso,
achava a explicação duvidosa. Na verdade, até acreditava que Madeline
estava sendo desonesta — sendo que desonestidade era a melhor qualidade
de Fiona, por isso seu interesse pelas políticas do Partido. Para sustentar sua
teoria, ressaltava que, embora se estendesse em conversas sobre qualquer
assunto imaginável, a moça era excepcionalmente reservada quando se
tratava da vida pessoal. Madeline se dispunha a oferecer boatos ocasionais e
inofensivos sobre a infância problemática — a sombria moradia popular em
Essex, o pai de quem mal se lembrava, o irmão alcoólatra que não trabalhou
um dia sequer na vida —, mas todo o resto ela mantinha oculto atrás de
paredes de pedra cercadas por um fosso.
— Nossa Madeline poderia ser uma assassina psicopata ou
acompanhante de luxo — sugeriu Fiona —, e ninguém saberia.
Mas Alison, uma auxiliar do Ministério do Interior que sofrerá
diversas desilusões amorosas, tinha outra teoria.
— A pobrezinha está apaixonada — declarou ela uma tarde, ao
observar Madeline saindo como uma deusa do mar da pequena enseada

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