Ele era um homem do MI5, logo só ia a Paris para conferências, férias ou
quando tentava encontrar a amante sequestrada do primeiro-ministro.
Gabriel sussurrou o caminho no ouvido de Seymour e o seguiu até a entrada
da estação, onde ele desapareceu em meio a um mar de mendigos,
traficantes e motoristas de táxi africanos.
Sozinho novamente, Gabriel pegou o metrô até a Place de la
Concorde e, de lá, andou até a embaixada israelense na Rue Rabelais,
número 3. Depois de fazer uma visita de cortesia ao chefe do posto,
contatou a Mesa de Operações do King Saul Boulevard para requisitar uma
casa segura na França e um comitê de recepção para a refém. Cinco
minutos depois, ligaram de volta para dizer que um trio chegaria nas 24
horas seguintes.
— E quanto à casa?
— Nós temos uma propriedade nova na Normandia, perto do
terminal de balsas de Cherbourg.
— Como é o lugar?
— Quatro quartos, uma cozinha com espaço para refeições, vista
adorável do Canal, serviço opcional de camareira.
Gabriel desligou e pegou as chaves da casa no cofre do chefe do
posto. Já eram quase quatro e meia; precisava se apressar para pegar o trem
das cinco horas de volta para Avignon. Ele chegou lá quando já tinha
escurecido e voltou para seu hotel em Apt. Aquela noite não teve chuva, só
um vento terrível que varreu as ruas estreitas do centro antigo da cidade.
Gabriel passou a noite acordado na cama, em solidariedade a Keller. Na
manhã seguinte, tomou mais café do que o habitual.
— Não dormiu bem, monsieur? — perguntou o velho garçom.
— O mistral — explicou Gabriel.
— Terrível.
A placa na fachada da loja dizia L’IMMOBILIÈRE DU LUBÉRON.
Adotando a postura cética de Herr Johannes Klemp, Gabriel passou um
tempo analisando as fotografias de propriedades penduradas na janela
antes de entrar. Foi recebido por uma mulher que devia ter 35 anos. Ela
vestia uma saia bege e uma blusa branca grudadas no corpo, dando uma
ilusão de umidade. Não pareceu interessada quando Herr Klemp tentou
puxar assunto. Poucas mulheres se interessavam.
Ele disse à moça que estava encantado pelo Lubéron e que pretendia
voltar para uma estadia mais longa. Um hotel não serviria, falou. Para
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1