A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

Gabriel perguntou como Brossard passava os dias.
— Ele finge que está de férias — respondeu Keller. — Mas também
caminha ao redor da propriedade para dar uma olhada nas coisas. Quase
pisou em mim algumas vezes.
— Como é a rotina noturna?
— Alguém sempre fica acordado. Eles veem televisão na sala de
estar ou ficam no jardim.
— Como você sabe que eles veem televisão?
— Dá para ver a luz dela através das persianas. A propósito, as
persianas nunca são abertas. Nunca.
— Alguma outra luz fica acesa durante a noite?
— Não dentro da casa. Mas a parte externa fica mais iluminada que
uma árvore de Natal.
Gabriel franziu a testa. Keller conteve um bocejo e perguntou sobre
Paris.
— Fria.
— A cidade ou a reunião?
— Ambas. Especialmente quando eu sugeri deixar os franceses
cuidarem do resgate.
— Por que é que faríamos isso?
— Graham teve a mesma reação.
— Que surpresa.
— Você parece conhecer a Downing Street como a palma da sua
mão.
Keller ignorou o comentário. Gabriel contemplou as chamas
tremeluzentes das velas votivas por um instante antes de falar do resto da
reunião com Graham Seymour: a casa do Escritório em Cherbourg, o comitê
de recepção, o retorno discreto à Inglaterra com um passaporte forjado. Mas
tudo dependia de uma coisa: conseguir tirar Madeline da casa depressa e
em silêncio. Se não há tiroteio, não há perseguição de carros.
— Tiroteios são para caubóis — retrucou Keller — e perseguições de
carro só acontecem nos filmes.
— Como nós passamos pelas luzes sem sermos vistos pelos guardas?
— Não passamos.
— Explique.
Keller obedeceu.
— E se Brossard ou um dos outros aparecer no andar de baixo?

Free download pdf