de ferro. A pequena mesa decorativa. Dois lances de degraus de pedra
calcária: um que levava ao segundo andar da casa, outro que descia para o
porão. Ambos mergulhados na escuridão.
Keller assumiu uma posição entre as duas escadas e Gabriel tirou
uma lanterna do bolso, mas não a acendeu. Desceu às cegas, devagar, um
degrau, dois, três, quatro. Na metade do caminho, escutou um barulho na
parte de cima, passos abafados e rápidos. Em seguida, dois disparos seguidos,
vindos da HK45 com silenciador.
Alguém caiu pela escada.
Alguém que tinha deparado com o homem que batera o recorde no
matadouro de Hereford.
Alguém havia morrido.
Gabriel ligou a lanterna e desceu correndo de dois em dois degraus.
No final da escadaria, havia um espaço com piso de ladrilho e três
portas, uma em cada parede. O depósito particular do proprietário ficava à
esquerda. Iluminado pelo feixe da lanterna, o cadeado tornou-se cintilante
— um sinal de que não estava lá havia muito tempo. Gabriel tirou a mochila
dos ombros, pegou o alicate e partiu o cadeado, que caiu com estrépito no
chão. Foi para o lado da porta e a abriu com um empurrão. O fedor o atingiu
no mesmo instante. Pesado e nauseantemente doce. O cheiro de um ser
humano em cativeiro. Passou o facho de luz pelo espaço. Catre. Algemas.
Capuz. Balde. Isolamento acústico.
Mas Madeline não estava lá.
De cima, vieram dois disparos da HK de Keller.
E mais dois.
O primeiro cadáver estava no hall de entrada, na base da escadaria
que levava ao segundo andar. Era um dos guardas que não tinha sido visto
fora da casa. Agora, graças a duas balas, ele não era mais reconhecível. O
mesmo valia para René Brossard, estatelado no chão a seu lado, ainda com
uma arma na mão inerte. A mulher estava no patamar do segundo andar.
Keller não queria atirar nela, mas não tivera escolha: ela lhe apontara uma
arma e deixara claro que pretendia disparar. Mas seu rosto fora poupado;
Keller a acertara duas vezes na região do peitoral. Portanto, ela era a única
que ainda estava viva. Gabriel se ajoelhou ao lado da mulher e segurou-lhe a
mão. Já estava fria.
— Eu vou morrer? — perguntou ela.
— Não — respondeu ele, apertando sua mão com delicadeza. —
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1