Keller bebeu cerveja, com um humor perceptivelmente sombrio. Ele não
estava acostumado a voltar à Córsega depois de fracassar numa missão.
— Não foi culpa sua — disse Gabriel.
— Eu falei que ela estava lá. Ela não estava.
— Mas parecia que estava.
— Por que havia guardas fazendo turnos à noite se Madeline já
tinha ido embora?
Naquele instante, o celular de Gabriel vibrou. Ele atendeu, escutou
em silêncio e, em seguida, colocou-o em cima da mesa.
— Graham? — quis saber Keller.
Gabriel assentiu.
— Alguém deixou um telefone grudado na parte de baixo de um
banco no Hyde Park ontem à noite.
— Onde o telefone está agora?
— Downing Street.
— E quando ele ficou de ligar?
— Em cinco minutos.
Keller terminou a cerveja e logo pediu outra. Mais cinco minutos se
passaram, e mais cinco. Do lado de fora, veio um anúncio avisando que já se
podia embarcar na balsa para a Córsega. Por causa do aviso nos alto-falantes,
Gabriel quase não ouviu o celular. Ele o atendeu e novamente escutou em
silêncio.
— E então? — perguntou Keller enquanto Gabriel guardava o
celular no bolso.
— Paul fez a exigência.
— Quanto ele quer?
— Dez milhões de euros.
— Só isso?
— Não: o primeiro-ministro quer dar uma palavrinha comigo.
Lá fora, havia uma fila de carros entrando na balsa. Keller se
levantou. Gabriel o observou partir.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1