hotel, no horário exato.
Dessa vez, não lhe forneceram apenas um destino, mas também uma
rota específica. Gabriel atravessou campos de moinhos de vento, usinas de
gás, refinarias e depósitos ferroviários na parte oeste de Dunkirk. À sua
frente, erguia-se uma cadeia de montanhas de cascalho, como uma versão
em miniatura dos Alpes. Ele atravessou a área rapidamente em meio a uma
nuvem de poeira e entrou num caminho estreito que passava sobre uma
queda-d'água alta. À sua direita estavam os guindastes de carga do porto de
Dunkirk; à esquerda, o mar. Marcou o ponto de partida da rua com a função
trip do odômetro. Exatamente 1,5 quilômetro adiante, estacionou e desligou
o motor. O vento forte e úmido fez o carro estremecer. Gabriel saiu, ergueu o
colarinho e seguiu para a praia. A maré estava baixa, a areia tão dura e plana
quanto um chão de concreto. Ele parou à beira da água e jogou sua Beretta
no mar. Era um belo lugar para a arma de um soldado ser descartada,
pensou enquanto retornava ao carro: no fundo do mar, ao largo das praias
de Dunkirk.
Quando retornou à rua, olhou para os dois lados, leste, oeste e então
leste novamente. Não havia ninguém por perto, nenhum farol se
aproximando, mas apenas as luzes dos guindastes e o brilho distante do gás
queimando sobre as refinarias. Gabriel abriu o porta-malas e colocou a chave
dentro da roda traseira esquerda. Em seguida, entrou nele, deitou em uma
espécie de posição fetal e fechou a tampa com um puxão. Alguns segundos
depois, o telefone tocou.
— Você está dentro? — perguntou a voz.
— Estou.
— Cinco minutos.
Acabaram se passando quase dez minutos até Gabriel ouvir um carro
estacionando atrás do Passat. Escutou uma porta se abrir e se fechar, depois
botas pisando no asfalto. Era a mulher, pensou, quando o carro partiu com
um solavanco. Ele tinha certeza disso.
Depois de deixar Dunkirk para trás, ela dirigiu em alta velocidade
por mais de uma hora, parando apenas duas vezes. Em seguida, entrou
numa estrada de terra e continuou dirigindo depressa, como se punisse
Gabriel pela impertinência de pedir uma evidência de que Madeline estava
viva antes de entregar os 10 milhões de euros. Num determinado momento,