— Não.
Ela fechou os olhos.
— Sua mãe era pintora como você?
— Sim.
— Ela esteve nos campos? Naquele campo cujo nome veio das
árvores?
— Sim, nesse mesmo.
— Eu vejo uma estrada, neve, uma longa fila de mulheres vestidas
de cinza, um homem com uma arma.
Gabriel retirou a mão rapidamente. A mulher abriu os olhos com um
sobressalto.
— Desculpe-me. Eu não queria perturbá-lo.
— Por que você queria me ver?
— Eu sei por que você voltou.
— E...?
— Quero ajudá-lo.
— Por quê?
— Porque é importante que nada lhe aconteça nos dias que virão. O
velho precisa de você. Sua mulher, também.
— Eu não sou casado — mentiu Gabriel.
— O nome dela é Clara, não é?
— Não — respondeu Gabriel, sorrindo. — O nome dela é Chiara.
— Italiana?
— Sim.
— Então a manterei em minhas preces. — Ela indicou a mesa com o
azeite e o prato de água ao lado de um par de velas acesas. — Não gostaria
de sentar?
— É melhor não.
— Ainda não acredita?
— Eu acredito.
— Por que não se senta, então? Com certeza você não está com
medo. Sua mãe deu-lhe o nome de Gabriel por um motivo: você possui a
força de Deus.
Gabriel sentiu um peso no coração, como se houvesse uma pedra
sobre ele. Queria sair dali naquele mesmo instante, mas a curiosidade o fez
ficar. Depois de ajudar a velha a voltar para sua cadeira, sentou do outro
lado da mesa e mergulhou o dedo no óleo. Quando atingiram a superfície da
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1