acabar encontrando.
— Eu sou do Regimento, amorzinho.
Keller não disse mais nada; não era necessário. Por ser um SAS,
poderia passar por uma sala cheia de amigos próximos e nenhum deles
notaria sua presença.
Gabriel desceu para a rua e fez sinal para um táxi. Vinte minutos
depois, passou pelo portão da Downing Street, rumo ao Palácio de
Westminster. No seu bolso estava um único componente do dossiê: um
extenso artigo do Daily Telegraph. A manchete dizia
MADELINE HART — AS PERGUNTAS SEM RESPOSTA.
O artigo fora escrito por Samantha Cooke, a principal
correspondente do Telegraph que cobria Whitehall e uma das jornalistas
mais reverenciadas da Inglaterra. Acompanhava Jonathan Lancaster desde
que ele era um discreto parlamentar de segunda linha e retratou sua
escalada numa biografia intitulada O caminho para o poder. Apesar do título
levemente pretensioso, o livro foi bem recebido até pelos concorrentes, que
sentiram inveja do adiantamento pago pela editora londrina. Samantha
Cooke era o tipo de repórter que sabia muito mais do que jamais poderia
publicar; por isso, Gabriel queria falar com ela o quanto antes.
Ele entrou em contato com a central do Telegraph e pediu que
ligassem para seu ramal. A telefonista os conectou sem demora e, após
alguns segundos, a jornalista atendeu. Gabriel suspeitou que ela estivesse ao
celular, pois podia ouvir passos e o eco de vozes baixas num lugar com o pé-
direito alto — talvez a antessala do Parlamento, que ficava em frente ao
café onde Gabriel estava sentado. Disse a Samantha que precisava de alguns
minutos do seu tempo. Prometeu que valeria a pena, mas não mencionou
nomes em momento algum.
— Você sabe quantos telefonemas assim eu recebo diariamente? —
questionou ela, com um ar cansado.
— Garanto, Srta. Cooke, que você nunca recebeu uma ligação como
esta antes.
Houve silêncio na linha. Ela estava claramente intrigada.
— Do que se trata?
— Prefiro não falar a respeito pelo telefone.
— Ah, é, claro que não.