— Não sei.
— Como os russos ficaram sabendo de Madeline e Lancaster?
— Também não sei.
— Talvez uma pessoa saiba.
— Quem?
— A mulher dirigindo aquele carro — disse Keller, apontando para as
lanternas do Volvo.
— É melhor ser um batedor de carteira do que um assaltante.
— O que isso significa?
— Diminua a distância — ordenou Gabriel, batendo de novo com os
nós dos dedos no vidro. — Ela está muito à frente.
A mulher passou por baixo do anel rodoviário M25, acelerou ao longo
de uma paisagem de fazendas e campos e, então, entrou nos subúrbios de
Londres, que, após trinta minutos, deram lugar aos bairros do East End e,
por fim, aos prédios comerciais do centro financeiro. De lá, passou pelo Soho
e por Holborn em direção a Mayfair, parando no meio-fio de um
movimentado trecho da Duke Street, ao sul da Oxford Street.
Depois de ligar o pisca-alerta, a mulher saiu do Volvo e foi até um
sedã Mercedes estacionado alguns metros adiante. Quando ela se
aproximou do carro, o porta-malas foi aberto, aparentemente por uma
pessoa de dentro, pois Gabriel não viu a mulher sequer encostar nele. Ela
colocou ali a sacola da Marks & Spencer, fechou-o com um baque e voltou
para o próprio automóvel. Dez segundos mais tarde, saiu vagarosamente da
vaga e foi em direção à Oxford Street.
— O que devo fazer? — perguntou Keller.
— Deixe-a ir.
— Por quê?
— Porque quem abriu o porta-malas daquele Mercedes está
observando para ver se alguém vai segui-la.
Keller e Gabriel examinaram a rua. Havia restaurantes dos dois lados,
todos atendendo o público turista, e as calçadas estavam lotadas de
pedestres. Qualquer um deles podia estar com a chave do Mercedes.
— E agora? — perguntou Keller.
— Nós esperamos.
— O quê?
— Saberei quando virmos.
— Batedores de carteiras e assaltantes?
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1