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HAMPSTEAD HEATH, LONDRES
Eles caminharam para a esquina do Hyde Park, embarcaram em um
trem da linha Piccadilly com destino à Leicester Square e, então, fizeram a
jornada longa e lenta na Linha Norte até Hampstead. Keller entrou em um
pequeno café na avenida principal e ficou esperando enquanto Gabriel
caminhava sozinho pela South End Road. Ele adentrou a charneca em
Pryors Field, margeou os lagos de Hampstead e depois subiu a ladeira suave
da Parliament Hill. Ao fundo, sob um véu de nuvens e neblina, brilhavam
as luzes do centro de Londres. Graham Seymour admirava a vista de um
banco de madeira. Ele estava sozinho, sem contar os dois seguranças de
capas de chuva parados na trilha às suas costas, estáticos como peças de
xadrez. Eles desviaram o olhar quando Gabriel passou sem uma palavra e
sentou-se ao lado de Seymour. O homem do MI5 não deu sinal de ter visto
Allon chegar. Mais uma vez, estava fumando.
— Você devia parar com isso — disse Gabriel.
— E você devia ter me avisado que ia entrar no país de novo. Eu
teria preparado um comitê de recepção.
— Eu não queria um comitê de recepção, Graham.
— Claro que não.
Seymour continuava a contemplar as luzes do centro londrino.
— Você chegou quando?
— Ontem à tarde.
— Por quê?
— Negócios em aberto.
— Por quê?
— Madeline — explicou Gabriel. — Eu vim por causa de Madeline.
Seymour voltou-se para ele pela primeira vez.
— Madeline está morta — disse ele lentamente.
— Sim, Graham, eu sei. Eu estava lá.
— Sinto muito — lamentou-se Seymour após um instante. — Eu não
devia ter...
— Deixe isso para lá, Graham.
Os dois ficaram em silêncio. Estavam desconfortáveis por causa da