A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

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GRAYSWOOD, SURREY


A irregular casa tudoriana ficava a 1,5 quilômetro da antiga igreja de
Grayswood, à beira do bosque de Knobby Copse. Um deque de madeira
levava até ela e grossas cercas vivas a protegiam das vistas. Havia um
jardim denso onde se podia refletir profundamente, 8 acres privativos para
enfrentar demônios internos, e um lago de pesca onde não se pescava fazia
anos. As percas que nadavam em suas águas escuras agora estavam do
tamanho de tubarões. O Departamento de Acomodações — divisão do
Escritório que adquiria e fazia a manutenção de propriedades seguras —
referia-se ao local como lago Ness.
Gabriel e Keller chegaram à casa no dia seguinte, pouco depois do
meio-dia, num Land Rover 4x4 providenciado pelo Departamento de
Transportes. Na parte de trás do carro, havia duas caixas de aço inoxidável
cheias de aparelhos de comunicação criptografada tirados da sala-cofre da
embaixada, além de várias sacolas de compras. Depois de encherem a
despensa com os mantimentos, retiraram os panos dos móveis, sopraram as
teias de aranhas dos cantos e vasculharam a casa de ponta a ponta em
busca de escutas. Então, foram para o jardim e pararam à beira do lago.
Barbatanas sulcavam a superfície negra.
— Não era uma piada — disse Keller.
— Não.
— Do que elas se alimentam?
— Devoraram um dos meus melhores agentes da última vez que
estivemos aqui.
— Aqui tem equipamento de pesca?
— No vestíbulo.
Keller entrou na casa e achou um par de varas encostado em um
canto, perto de um remo velho e lascado. Enquanto procurava uma isca,
ouviu um baque seco, como o de um galho se quebrando. Ao sair, sentiu o
cheiro inconfundível de pólvora no ar. Então, avistou Gabriel subindo o
caminho do jardim com a Beretta numa das mãos e um peixe de 60
centímetros na outra.
— Isso me parece muito pouco esportivo — repreendeu Keller.
— Não tenho tempo para esporte. Preciso descobrir uma forma de
infiltrar um agente em uma empresa de petróleo russa. E alimentar muitas

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