A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

desaparecer enquanto dava um aperto de mão.
— Tem certeza de que quer fazer isso? — perguntou Gabriel.
— Eu não ficaria de fora por nada neste mundo. Além do mais, seu
protagonista disse que não chegaria nem perto dos russos se eu não estivesse
na cobertura.
Gabriel olhou para a figura alta parada logo atrás dos ombros miúdos
de Lavon. Seu nome era Mikhail Abramov. Magro, de pele clara, rosto
delicado e olhos glaciais, ele fora da Rússia para Israel na adolescência e se
juntara à Sayeret Matkal, a unidade de operações especiais das Forças
Armadas de Israel. Já descrito por Shamron como um “Gabriel sem
consciência”, havia assassinado muitos dos maiores cérebros terroristas do
Hamas e do Jihad Islâmico Palestino. Agora, executava missões similares em
nome do Escritório, embora seus incontáveis talentos não se restringissem a
mexer com armas. Trabalhando com uma agente da CIA chamada Sarah
Bancroft, Mikhail se infiltrara no séquito de Ivan Kharkov, iniciando a longa
e sangrenta guerra entre o Escritório e o exército privado de Ivan. Se Viktor
Orlov não houvesse aberto mão da Ruzoil para o Kremlin, Mikhail teria
morrido na Rússia, ao lado de Gabriel e Chiara. Em sua face de porcelana,
havia uma cicatriz profunda causada pelo punho de marreta de Ivan.
— Você não precisa fazer isso — disse Gabriel, tocando a cicatriz. —
Podemos achar outra pessoa.
— Que outra pessoa? — perguntou Mikhail, olhando em volta.
— Yossi, por exemplo.
— Yossi fala quatro línguas, mas não russo. Poderiam falar em cortar a
garganta dele e Yossi acharia que estavam pedindo um frango à Kiev.
Os membros da fantástica equipe de Gabriel já haviam se hospedado
naquela casa antes, então instalaram-se em seus antigos quartos sem muita
discussão enquanto Chiara ia para a cozinha preparar uma elaborada
refeição para o reencontro. O prato principal era a enorme perca, assada em
vinho branco e ervas. Gabriel acomodou Keller à sua direita à mesa de
jantar, um sinal deliberado de que, pelo menos por ora, o inglês deveria ser
tratado como um membro da família. A princípio, os outros ficaram
desconfortáveis com sua presença, mas gradualmente se abriram. Na maior
parte do jantar, falou-se inglês em respeito a ele. Mas, ao discutirem a última
operação, mudaram para o hebraico.
— Do que eles estão falando? — perguntou Keller discretamente a
Gabriel.

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