de e-mails da sucursal de Gdansk permitia que se identificassem vários
outros protagonistas da empresa, inclusive o chefe de segurança, Pavel
Zhirov. Seu nome não aparecia em nenhum documento da empresa e todas
as tentativas de achar uma fotografia sua mostraram-se infrutíferas. Na
cadeia de organização da equipe, Zhirov era um homem sem rosto.
Conforme os dias foram se passando, ficou claro que a Volgatek era
mais do que apenas petróleo. A companhia fazia parte de um estratagema
maior do Kremlin para transformar a Rússia em uma superpotência global
de energia, uma espécie de Arábia Saudita euro-asiática, e ressuscitar o
Império Russo das ruínas da União Soviética. A própria Europa já dependia
demais do gás natural da Rússia. A missão da empresa era estender o
domínio russo para o mercado europeu de energia por meio da compra de
refinarias de petróleo. E agora, graças a Jeremy Fallon, tinha um posto no
mar do Norte que renderia bilhões em lucros para o Kremlin. Sim, a Volgatek
baseava-se na avareza dos russos. Mas, acima de tudo, no seu revanchismo.
Como plantar um agente em uma organização como essa? Foi Lavon
que achou uma solução possível e a explicou para Gabriel enquanto
caminhavam pelo jardim. Depois de adquirir a refinaria em Gdansk, disse
ele, a Volgatek havia contratado um polonês para servir de diretor de
fachada. Na prática, o polaco nada tinha a ver com o cotidiano operacional:
era meramente um enfeite, um buquê de flores designado para amenizar a
mágoa dos poloneses ao verem o urso russo devorar um bem econômico
crucial. Além disso, explicou Lavon, a Polônia não era o único lugar onde a
Volgatek havia contratado ajudantes locais. Ela agira assim também na
Hungria, na Lituânia e em Cuba. Nenhum desses gerentes se saiu melhor
do que o de Gdansk; foram todos igualmente marginalizados, ignorados e
jogados para escanteio.
— São como copinhos de café: usados e descartados — disse Lavon.
— Logo, não têm nenhum acesso ao tipo de informação protegida
que estamos procurando.
— É verdade. Mas, se o habitante local contratado por acaso for
russo ou de ascendência russa, o comando central da Volgatek talvez o trate
com mais carinho, especialmente se for o mais esperto do grupo. Eles se
sentiriam tentados a lhe dar responsabilidades reais. Quem sabe? Poderiam
até deixá-lo entrar no templo sagrado em Moscou.
— Genial, Eli.
— Sim, é. Mas há um problema sério.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1