A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

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COPENHAGUE


O fórum se deu no Bella Center, um horrendo centro de convenções
de vidro e metal que parecia uma gigantesca estufa vinda do espaço sideral.
Um grupo de repórteres estava parado do lado de fora, tremendo, atrás de
uma faixa amarela. A maioria dos executivos que chegava tinha o bom senso
de ignorar as provocações gritadas por eles, mas não Orlov. Ele parou para
responder a uma pergunta sobre o repentino aumento no preço do petróleo
ao redor do mundo, do qual havia extraído lucros tremendos, e logo se viu
discorrendo sobre assuntos que iam das eleições britânicas até a repressão de
movimentos pró-democracia executada pelo Kremlin.
Gabriel e a equipe ouviam cada palavra, pois Mikhail estava parado
ao lado de Orlov, à vista das câmeras, segurando o celular. Inclusive, foi
Mikhail quem deu um fim à coletiva de imprensa improvisada, segurando
na manga do casaco de Orlov e puxando-o em direção à porta aberta do
centro de convenções. Mais tarde, uma repórter britânica comentaria o fato
dizendo que era a primeira vez que ela via qualquer pessoa — “Qualquer
pessoa!” — ousar tocar um dedo que fosse em Viktor Orlov.
Uma vez do lado de dentro, o ex-oligarca agiu como um furacão. Ele
foi a todos os debates da manhã, visitou todos os estandes no andar de
exposições e apertou cada mão estendida, até de homens que o odiavam.
— Este é Nicholas Avedon — dizia em alto e bom som. — Nicholas é
meu braço direito e meu braço esquerdo. É meu norte.
O almoço foi “social” — assim Orlov chamou a refeição sem lugares
marcados — e não havia álcool nem carne de porco, em respeito aos muitos
delegados muçulmanos. Orlov e Mikhail passaram pelo bufê sem comer
nada e prosseguiram para o primeiro debate da tarde, uma discussão
sombria sobre as lições aprendidas com o desastroso derramamento de óleo
no golfo do México. Gennady Lazarev também estava presente, duas fileiras
atrás do ombro direito de Orlov.
— Ele está rondando — Orlov murmurou para Mikhail — como um
assassino. É só uma questão de tempo até que saque a arma.
O comentário foi perfeitamente audível no pequeno apartamento da
rua de nome impronunciável, e o sentimento expresso era compartilhado

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