tempo. Sim, porque é claro que ninguém vai admitir um ex-diretor no King
Saul Boulevard.
— E por que não?
— Porque é algo sem precedentes.
— Nada disso tem precedentes, Uzi.
— Desculpe-me, Gabriel, mas não vou querer que minha carreira
termine como um caso de caridade.
— Você não deve se depreciar assim, Uzi.
— Parece minha mãe falando.
— Como está ela?
— Bem em alguns dias, mal em outros.
— Algo que eu possa fazer?
— Vá visitá-la na próxima vez em que estiver na cidade. Ela sempre
o adorou, Gabriel. Todo mundo adora você. — Navot pegou um biscoito
amanteigado. Depois mais outro. Limpando as migalhas dos dedos grossos,
prosseguiu: — Pelos meus cálculos, ainda tenho catorze meses como diretor,
logo é minha a decisão de mandar ou não alguns de nossos melhores agentes
à cidade mais perigosa do mundo.
— Você me deu autorização para conduzir a missão.
— Na ocasião, havia um revólver apontado para a minha cabeça.
— O revólver ainda está lá.
— É, eu sei, por isso jamais sonharia em abortar sumariamente o seu
pequeno plano. Em vez disso, vou apenas pedir que respire fundo e retome
o juízo.
Ao receber apenas silêncio como resposta, Navot se inclinou sobre a
mesa e olhou nos olhos de Gabriel. Seu rosto já não apresentava qualquer
sinal de raiva.
— Você lembra como foi a última vez em que estivemos em Moscou,
Gabriel, ou conseguiu apagar de sua memória?
— Eu me lembro de tudo, Uzi.
— Eu também — comentou Navot, com uma voz distante. — Foi o
pior dia da minha vida.
— Da minha também.
Navot franziu a testa, confuso.
— Então por que, em nome de Deus, você quer voltar lá?
Navot retirou os óculos com um ar pensativo e massageou a ponte
do nariz, que estava marcada. Os óculos, assim como tudo mais que ele
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1