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KING DAVID HOTEL, JERUSALÉM
Na tarde de 22 de julho de 1946, o grupo sionista extremista
conhecido como Irgun detonou uma grande bomba no King David Hotel,
sede de todas as forças militares e civis da Inglaterra na Palestina. O ataque
era uma retaliação pela prisão de centenas de combatentes judeus e matou
91 pessoas, incluindo 28 ingleses que ignoraram um telefonema alertando-os
para evacuar o hotel. Embora condenado universalmente, o bombardeio
logo se provou um dos atos de violência política mais eficientes já cometidos.
Passados dois anos, os ingleses saíram da Palestina, e o Estado moderno de
Israel, outrora um sonho sionista quase inimaginável, tornou-se realidade.
Entre os afortunados que sobreviveram ao bombardeio estava um
jovem agente da inteligência britânica chamado Arthur Seymour, um
veterano do programa de guerra Double Cross que tinha sido transferido
recentemente para a Palestina com a função de espionar os movimentos de
resistência judeus. Era para Seymour estar em seu escritório no momento do
ataque, mas ele atrasou alguns minutos depois de uma reunião com um
informante na Cidade Antiga. Ouviu a detonação enquanto passava pelo
Portão de Jaffa e, horrorizado, contemplou parte do hotel desmoronar. A
imagem assombraria Seymour pelo resto da vida e moldaria os rumos de sua
carreira. Anti-israelense virulento e fluente em árabe, ele forjou laços
desconfortavelmente próximos com muitos inimigos de Israel. Com
frequência, era convidado do presidente do Egito, Gamai Abdel Nasser, e
admirador precoce de um jovem revolucionário palestino chamado Yasser
Arafat.
Apesar de suas tendências pró-árabes, o Escritório considerou Arthur
Seymour um dos oficiais mais competentes do MI6 no Oriente Médio. Por
isso, houve certa surpresa quando o único filho de Arthur, Graham, optou
por uma carreira no MI5 em vez do mais glamoroso Serviço Secreto de
Inteligência. Seymour, o Jovem — como era conhecido no início da carreira
—, serviu primeiro na contrainteligência, operando contra a KGB em
Londres. Então, após a queda do Muro de Berlim e com a ascensão do
fanatismo islâmico, foi promovido a chefe de contraterrorismo. Agora, como